sábado, 11 de fevereiro de 2012

Angola: A SENHORA ANIP



Destaque do mês


Este mês na revista Rumo, conheça a nova presidente Agência Nacional de Investimento Privado Maria Luísa Abrantes, em que setores aposta e a quem está disposta a abrir as portas de Angola. Leia ainda o Especial Província sobre a forte aposta de Kwanza-Sul na economia “. Rumo, disponível também para tablet.

Maria Luísa Abrantes é a nova presidente da ANIP – Agência Nacional de Investimento Privado, a instituição pela qual passam e dependem os investidores estrangeiros que querem entrar em Angola e, no caso de Portugal, são cada vez mais os processos que recebidos com intenções de investimento.

Nesta entrevista, que é a primeira e exclusiva da nova dama de ferro da ANIP, revela que a prioridade para a captação de investimento privado é o sector agro-industrial e indústria transformadora, mantendo a fasquia de um milhão de dólares para entrada de investimento estrangeiro.

“A orientação é de se priorizar o sector agro-industrial, a indústria transformadora (sobretudo dos materiais de primeira necessidade) e os recursos minerais para além dos diamantes. O país é rico em recursos minerais, mas a sua pesquisa é extremamente dispendiosa e, por vezes, sem a viabilidade esperada pelo potencial investidor.”, alerta. “Vamos trabalhar para diversificar a nossa economia e, para captar receitas, vamos tentar pôr um acento tónico quer na indústria mineira.”

Na sua primeira entrevista, a gestora – jurista de formação - faz críticas a algumas parcerias público-privadas.

Comenta: “É preciso não misturar os fins porque a parceria, às vezes, é dada para um fim e esse fim depois começa a se alargar para outras áreas que não são as iniciais e estão a ter grandes lucros para os seus associados. Por exemplo, uma instituição financeira que começa a ter salários elevados a nível da administração, da presidência e continua a pagar mal ou a ter voluntários que não têm salários. A base é boa, mas é preciso não nos desviarmos. É assim que eu vejo as parcerias pública- privadas. Agora, não concordo que sirvam para, supostamente, grandes empresários beneficiarem de dinheiros públicos. Quando falo de parcerias públicas ou privadas não me estou a referir só a Angola, estou a falar no contexto global.”

E faz ainda duras críticas à qualidade das estatísticas em Angola.

“Em Angola este órgão – que tem responsabilidade estatística - é o INE-Instituto Nacional de Estatística. O que se passa na prática é que tem havido alguma dificuldade do INE, que sempre funcionou muito bem para a escassez de recursos técnicos, financeiros e humanos, mas chegou a um ponto de colapso. Neste momento, o instituto está a ser reestruturado e isso tem-se reflectido um pouco na qualidade dos dados que é fornecida. Os prazos são também outro factor de avaliação da qualidade da informação. Estas instituições trabalham com dados actualizados. Se não houver rigor no cumprimento dos prazos, nós podemos até fornecer números, mas não terão utilidade.”

Maria Luísa Abrantes critica ainda as empresas que colocam o dinheiro no exterior e deixa um aviso: “Eu não sou técnica do ministério das Finanças, mas, como técnica da ANIP, tenho conhecimento e sei que muito deste dinheiro também está fora do país, autorizado pelos mesmos sócios. Estas empresas sempre fizeram um braço de ferro com governo para não terem as contas sedeadas em Angola porque alegavam que não havia confiança e celeridade. Agora há uma legislação mais rigorosa que vai ser aplicada gradualmente e cremos que isto vai ter que mudar.”


1 comentário:

João Alva disse...

Sou português mas conheço Angola, 1provavelmente, melhor que 90% dos angolanos. Porque a conheço tão bem é que sei da necessidade de gente inteligente e, naturalmente, evoluida. A Senhora em questão é um exemplo do ser humano necessário nessa posição. Bem haja pelas suas palavras, D. Maria Luisa Abrantes. Montes de felicidades é o que eu lhe desejo. Brevemente, estarei em Angola tambem. Os meus melhores cumprimentos.

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