quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

AOFA diz que Cavaco tem sido “agente passivo” nas preocupações dos militares



Público - Lusa

A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) acusou nesta quarta-feira o Presidente da República de ter sido sempre “um agente passivo” na resolução dos problemas dos militares, defendendo que Cavaco Silva deve usar “o seu poder de influência”.

Em declarações aos jornalistas no final de uma audiência de mais de três horas com os deputados do grupo parlamentar do PSD que acompanham as questões da Defesa Nacional, o presidente da AOFA, Pereira Cracel, rejeitou ainda as críticas ao facto de ter escrito na carta aberta ao ministro que os militares não eram “submissos” ao poder político.

“Há uma grande diferença entre submissão e subordinação, os militares devem subordinação ao poder político, a submissão é outra coisa, porque pressupõe obediência cega, sem qualquer hipótese de questionar”, sustentou o coronel.

Pereira Cracel admitiu que durante a longa audiência com o PSD, o tema do discurso de Aguiar-Branco e da resposta em carta aberta foi abordado, mas salientou que a associação que dirige “continua disponível para dialogar” com Aguiar-Branco.

O presidente da AOFA referiu ainda que procurou transmitir aos deputados sociais-democratas “um conjunto de preocupações” - “do congelamento das promoções à saúde ou a regressão na tabela remuneratória” -, que a associação tem “sistematicamente vindo a pôr em cima da mesa” e em que pretende “que haja um pouco da atenção dos poderes públicos”.

“Tivemos aqui a informação de que pelo menos há vontade de que se faça algo no sentido de desbloquear esta situação, que para as Forças Armadas tem consequências gravíssimas”, advertiu.

Questionado sobre o papel de Cavaco Silva, como comandante supremo das Forças Armadas, Pereira Cracel reiterou o que as associações têm dito: “Esperávamos outra intervenção do senhor Presidente da República”.

“Efectivamente tem sido um agente passivo no contexto em que vão acontecendo estas coisas, aguardemos, estamos expectantes, mas francamente o que nos é dado ver é mais a passividade e menos uma postura activa”, acrescentou.

Já o deputado do PSD Joaquim Ponte disse que depois desta audiência com a AOFA irá discutir os temas abordados “no seio do grupo parlamentar e fazer também chegar estas preocupações aos governantes”.

Joaquim Ponte rejeitou ainda que haja um ambiente de “crispação” nas Forças Armadas e defendeu que o que existe são “alguns pontos divergentes” que “devem ser tratados com serenidade”.

Questionado sobre o discurso de Aguiar-Branco no almoço da revista Segurança e Defesa e sobre a resposta da AOFA em carta aberta, o social-democrata respondeu: “É uma questão que já passou e sobre a qual acho que não devemos continuar a falar”.

Sem comentários:

Mais lidas da semana