Brasil de Fato – foto PSTU
Os manifestantes protestam contra a repressão da PM na desocupação do terreno e pedem que a presidenta Dilma Rousseff desaproprie a área
Cerca de 4 mil pessoas realizam uma manifestação em apoio aos moradores da ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos. Os manifestantes protestam contra a repressão da Polícia Militar na desocupação do terreno onde as famílias viviam desde 2004 e pedem que a presidenta Dilma Rousseff desaproprie a área.
O protesto começou por volta das 11h30 desta quinta-feira. Participam da manifestação moradores do Pinheirinho, integrantes de movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), assim como do movimento estudantil, de partidos políticos e das centrais sindicais.
Os manifestantes realizaram uma marcha desde a praça Afonso Pena até a Prefeitura de São José dos Campos, passando pela Câmara dos Vereadores, que estava com os portões trancados, e o centro da cidade.
“Essa manifestação de hoje, que reuniu diversas centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos que vieram protestar a favor do Pinheirinho, não se prende apenas a questão da moradia, mas a melhores salários, educação e saúde para toda a classe trabalhadora”, afirmou Nanci Galvão, coordenadora do Fórum de Resistência do Pinheirinho.
Os movimentos sociais que participam do ato organizaram diversas formas de ajuda às famílias, como a doação de alimentos vindos dos assentamentos do MST. Desde a desocupação, os moradores do Pinheirinho passam por uma série de dificuldades de alojamento adequado e alimentação. Algumas pessoas relatam que assistentes sociais da prefeitura de São José dos Campos estão oferecendo passagens para os moradores desalojados do Pinheirinho retornarem para suas terras de origem.
A manifestação também tem como objetivo denunciar e protestar contra despejos violentos e ilegais ocorridos com frequência no estado de São Paulo, além de cobrar dos governos municipal e estadual a resolução dos problemas das famílias retiradas do local.
De acordo com o deputado federal (PSOL) Ivan Valente, presente na manifestação, será instaurada uma Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados “para que seja investigada tanto a violência ocorrida no dia da desocupação das famílias quanto a forma de moradia nos alojamentos, que segundo a população do Pinheirinho é inapropriada”.
Histórico
Em uma operação de guerra, mais de 2 mil policiais, amparados por 2 helicópteros e dezenas de carros, expulsaram de forma violenta as 1,6 mil famílias que viviam na ocupação Pinheirinho. A PM cumpriu ordem de reintegração de posse da Justiça Estadual e da Prefeitura de São José dos Campos.
Durante a ação da PM, um juiz do Tribunal Regional Federal (TRF) chegou a determinar a suspensão da retirada das famílias, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a ordem de reintegração de posse. Além disso, a ação foi realizada sem considerar as negociações para regularização da área que já haviam sido iniciadas entre os governos federal, estadual e municipal.
O terreno de 1,3 milhão de metros quadrados, localizado na zona sul de São José dos Campos, pertence à massa falida da empresa Selecta, do grupo de Naji Nahas, que entrou com o processo para a retirada das famílias na época da ocupação iniciada em dia 27 de fevereiro de 2004, após a expulsão violenta dos sem-teto de um terreno no bairro Campo dos Alemães.
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