quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Brasil: Serra insiste em adiar prévias tucanas para tentar fortalecer candidatur




Correio do Brasil, com Vermelho.org.br

Confirmada na segunda-feira pelo Twitter do próprio José Serra, a pré-candidatura do ex-governador para a Prefeitura da capital paulista estava na pauta da direção municipal do PSDB para esta terça-feira. Serra vai disputar as prévias do partido, que ainda podem ser adiadas para contemplar seu desejo de realizar mais articulações em torno do seu nome.

Pelo Twitter, Serra anunciou que entregaria um texto à direção do PSDB formalizando sua entrada na disputa na segunda-feira, mas a iniciativa deve ser tomada apenas nesta terça. “Sempre fui favorável às prévias para a escolha do candidato a prefeito do PSDB. E delas pretendo agora participar”, twittou.

Se confirmadas as prévias, Serra enfrentará outros dois pré-candidatos, José Aníbal e Ricardo Trípoli, já que Andrea Matarazzo e Bruno Covas renunciaram em favor do ex-governador. Os dois primeiros não aceitaram a retirada de seus nomes, apesar da tentativa feita pelo governador Geraldo Alckimim.

Rejeição

A entrada de Serra é visto como a salvação da lavoura para os tucanos, que temem a perda de território no seu principal centro de poder, São Paulo. Apesar de ser o nome mais forte que têm, o tucano enfrenta a maior taxa de rejeição entre os pré-candidatos, com uma média de 35%, segundo levantamento do Instituto Datafolha de janeiro.

Grande parte dessa rejeição vem do fato e ter renunciado ao cargo de prefeito em 2006 um ano de três meses depois da posse, para concorrer ao governo estadual. Apesar de ter esse calcanhar de Aquiles, nesta segunda-feira Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin não foram claros em afirmar que desta vez ele terminaria o mandato caso eleito.

Além da possibilidade de abandonar o barco, Serra terá também que enfrentar as acusações reveladas no livro A privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Junior, que demonstra através de documentos o esquema comandado por Serra de desvios de dinheiro público durante as privatizações do governo Fernando Henrique.

Haddad

A mudança no cenário com a confirmação da entrada de Serra fez também mudar o discurso do pré-candidato do PT, Fernando Haddad, que afirmou não se surpreender com a decisão do tucano.

– Estamos na sexta eleição do século XXI e é a quinta que ele (Serra) participará. Não vejo qual a surpresa disso – afirmou.

Com a confirmação do prefeito Gilberto Kassab (PSD) em apoiar José Serra, o discurso de Haddad em relação à administração municipal sofreu alterações. Antes mais comedido, na expectativa da receber o apoio de Kassab, nesta segunda-feira ele disse acreditar que o eleitorado paulistano pede mudanças reais na gestão.

– Sempre me coloquei como candidato com uma plataforma de mudança, nunca abdiquei deste discurso. Vejo que há muito sub-investimento na cidade – afirmou.

Outro pré-candidato que disse não ter se surpreendido com a entrada de Serra na disputa foi o vereador Netinho de Paula (PCdoB). Ele disse que São Paulo tem optado ultimamente por caminhos conservadores e sem renovação de quadros políticos e a pré-candiatura de Serra mostra esse conservadorismo.

– Para a nossa pré-candidatura, Serra na disputa até nos fortalece, pois sempre disse representamos a renovação e o investimento em novas lideranças – disse.

Netinho afirmou também que Serra representa um projeto esgotado que governa São Paulo há quase 20 anos.

– Agora, o que vejo nas ruas é um sentimento de mudança e um apoio popular muito grande em torno do meu nome – completou.

Ministério possível

Na manhã desta terça-feira, o prefeito Kassab afirmou que o apoio de seu partido à pré-candidatura de José Serra (PSDB) na disputa pela sucessão paulistana não altera a “independência” da sigla em relação ao governo Dilma Rousseff, e que, por isso, não impede um filiado de aceitar um possível convite para o ministério da petista.

– São coisas distintas, o projeto e as eleições municipais. Vamos continuar tendo a posição de independência em relação ao governo Dilma. Isso não impede algum filiado de, se for convidado (para o ministério), aceitar – afirmou a jornalistas.

Ele se referia ao caso de o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, entrar na disputa por um cargo de confiança da presidenta Dilma. Mas fez a ressalva que seu comentário não passava de um mero exemplo.

– Não tenho nenhum indicativo (de que o convite possa acontecer) – completou.

Kassab disse que, mesmo que um nome do PSD fosse para o ministério, o partido não se comprometeria a integrar a base aliada. O prefeito também minimizou as declarações do pré-candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, de que se sentia mais “tranquilo” sem o apoio do atual prefeito.

– É próprio do jogo. Entendo o processo político eleitoral. Vamos olhar para frente – concluiu.

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