Chocante o título, não é? Mais chocante que a decepção desse filhote quando perceber que sua mãe não se levantará para corresponder ao seu afeto? É o PIB sangrento das nações africanas.
Quem compra objetos de marfim sustenta a matança de elefantes e rinocerontes, muitas em situações como a da foto, além da dor do desequilíbrio entre as espécies. Estas situações deixam conseqüências que seres do bem tentarão amenizar, como o resgate dos órfãos, e isto quando são resgatados! Pois, muitos morrem longe das câmeras, na mata, chorando por dias até que algum predador os pegue ou a desnutrição os aniquile. E tudo isso para alimentar a vaidade de humanos, de um lado os que enfeitam suas mansões com objetos caríssimos e do outro, turistas que adquirem artefatos, brincos, anéis, ou seja, futilidades de sangue.
A Coalizão pelos Elefantes Africanos, formada por 23 países africanos sugeriu à União Européia que mantivesse o bloqueio ao comércio de marfim para evitar que extinção dos animais, mas não se iludam, esses 23 países africanos não estão querendo cessar a matança definitivamente para a preservação ou ecoturismo, querem uma trégua até que o estoque volte aos padrões normais, aí eles voltam a matar novamente.
Argumentar a compra legalizada é balela oficial para toda matéria prima que envolve animais, seja para aprisioná-los em gaiolas ou tirar seus chifres ou presas, nada mais é do que o Estado entrando no mercado, fazendo concorrência ao que sempre existiu e na maioria das vezes fecha os olhos ou finge que combate o tráfico, ou seja, combate a ilegalidade, não a crueldade.
Não existe a menor possibilidade do comércio de presas e chifres existir sem a matança legalizada ou não, impossível, essas presas tão cobiçadas não nascem de um dia para o outro, ninguém vai alimentar um rinoceronte ou elefante, tirar suas presas e esperar anos que outras surjam, isso não existe, é muito mais fácil entrar na selva e matá-los.
O comércio legal é a porta de entrada para a ilegalidade que branqueia o marfim e assim todos vendem, explicando, o tráfico depende do comércio legal.
O mesmo ocorre com o comércio de animais silvestres onde as anilhas são facilmente sabotadas permitindo que animais roubados das matas sejam esquentados sem dificuldades, as regras oficiais já são feitas deixando essas brechas. Agora mesmo o IBAMA tenta criar a figura do depositário de animais silvestres provenientes do tráfico, uma saída sem vergonha para liberar geral, uma galinha dos ovos de ouro disfarçada de coisa oficial.
Em outra ponta igualmente sangrenta temos outros tipos de caçadores, já inventaram até a caça esportiva… aí minhas caraminholas perguntam: como se associa esporte à matança? Esporte, em minha opinião, é algo que engrandece o corpo e a mente, jamais poderá estar associado às armas, à estupidez, à frieza e à insensibilidade.
Que tipo de gente mata por prazer? Gente ruim, é óbvio. Que tipo de gente aponta uma arma para um animal, olha nos olhos dele e atira? Classifico de sub-raça, ainda com o pé e a alma no período Paleolítico. Que tipo de lixo bípede falante atira numa fêmea sabendo que seus filhotes irão morrer? E após o ato esse sujeito desclassificado tem coragem de olhar nos olhos do seus filhos? Que tipo de gente é essa?
Devemos aceitar essa prática hedionda só porque está legalizada? Nem pensar, estamos a postos e determinados a acabar com essa mania de matar da qual o ser humano não consegue se desvencilhar sozinho, mas iremos dar uma ajudinha, nós somos a sua cura.
Dados a considerar:
a – 1500 elefantes fornecem 15 toneladas de marfim – haja elefante pra sustentar a pobreza africana;
b - A cada leilão de marfim promovido, legalizado,, a caça ganha fôlego;caçadores precisam da legalização, irônico, não é?;
c – Na década de 80, lá pelo final, Serra Leoa estava com ZERO de população de elefantes, mas, aposto que a população de humanos triplicou;
d – Na década de 90, Senegal e Libéria tinham 10 elefantes, tipo, só pra dizer que não foram extintos;
e – Rezemos para que os mamutes que emergiram no descongelamento das tundras na Sibéria substituam a matança dos elefantes/rinocerontes;
f – África do Sul, Botsuana, Zimbábue e Namíbia queriam autorização para vender as presas dos elefantes mortos por causas naturais…???? Elefantes vivem enfartando???
g – O maior consumidor de marfim, o maior incentivador das mortes desses lindos animais, pasmem, ou melhor, que novidade… a China! Os chineses usam os chifres dos rinocerontes para curar disenteria, insônia, impotência, mau olhado… dá pra acreditar nisso???
Mas se o consumidor recusar, rejeitar esse tipo de produto, eles param de matar. Simples assim. Não compre objetos de marfim. Não compre animais silvestres.
*Marli Moraes, carioca da gema, é dona de casa, presidente da Resgato, sociedade civil sem fins lucrativos e ativista pelos direitos dos animais. - http://resgato.blogspot.com - http://ongresgato.blogspot.com
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