Sindicatos ouvem trabalhadores tendo em vista novas formas de luta
Centrais sindicais preparam as máquinas para uma forma de luta nunca vista em Cabo Verde. E o Primeiro-ministro já veio a público dizer não há razões para tal. O início de 2012 pode registar acentuado aumento da temperatura social…
Praia, 6 de Fevereiro 2012 – Tudo indica que, pela primeira vez, Cabo Verde irá assistir a uma greve geral. Ao que parece os sindicatos estão fartos da “conversa fiada do Governo”, pelo menos foi isso que transpareceu de uma reunião de delegados sindicais de Santiago, efectuada na passada semana.
De facto, sob a batuta da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde – Central Sindical (UNTC-CS), a reunião destinou-se a fazer o balanço das negociações com o Governo, no âmbito da Concertação Social, e, perante a intransigência de José Maria Neves e Cristina Duarte em cederem às exigências sindicais, foi decidido que a União dos Sindicatos de Santiago – a maior região do pais - irá estabelecer contactos com os trabalhadores, tendo em vista equacionar formas de luta.
É que, segundo os sindicalistas, o momento de crise, está a abrir portas a todos os oportunistas, que se aproveitam para despedir trabalhadores, cortar nos salários e acabar com subsídios. Acrescido a este cenário está uma quebra do poder de compra que, só nos últimos dois anos, atingiu o impressionante valor de 9 por cento. Razões mais que suficientes, ainda segundo os sindicalistas, para se falar inclusive numa greve geral.
Também na Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL) o tempo é de “contar espingardas”, auscultando e organizando os trabalhadores para a possibilidade de um protesto mais amplo, nomeadamente, convergindo com a rival UNTC-CS no caminho da greve geral.
Uma coisa é certa, nunca antes se falou tão intensamente na possibilidade de uma forma de luta normalmente – e tomando como referência outros países – só é utilizada em situações extremas. O que, aliás, já levou o Primeiro-ministro a vir a público dizer que “não há motivos para uma greve geral”.
O Acordo de Concertação Social que, pela primeira vez na história da democracia cabo-verdiana, deixou os sindicatos de fora, unindo o Governo e o patronato, é uma espécie de “pedra no sapato” de que o Primeiro-ministro se quer livrar, pelo que já deu um sinal de possível cedência nas discussões e negociações sobre o Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) da Administração Pública.
Mas o chumbo que, em Dezembro, as centrais sindicais deram ao Acordo de Concertação Estratégico, deixando Governo e patrões a falarem sozinhos, não augura boas possibilidades de um entendimento, até porque os sindicatos não esquecem as promessas não cumpridas de JMN no que respeita ao 13º mês e ao salário mínimo, e muito dificilmente o Governo voltaria atrás na sua indisponibilidade para um aumento salarial, como é defendido por UNTCV-CS e CCSL.
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