Reza a lenda econômica vigente que um povo com dinheiro no bolso fica calminho e conduz seus dirigentes aos píncaros da aprovação, sem criar “problemas”. Foi sob essa ótica que o governo do ex-presidente Lula, apesar de todos os fabulosos escândalos de corrupção, bateu sucessivos recordes nas avaliações dos institutos de pesquisa. A presidente Dilma Rousseff segue a mesma cartilha torta e já está colhendo seus louros, fechando o primeiro ano de mandato com quase 60% de aprovação popular à sua administração. Mas isso é um engodo e a fatura chegará em breve ao bolso dos cidadãos e à economia do país.
Há quem diga que os milhões de Reais jorrados mensalmente pelo Bolsa Família aumentam a circulação de dinheiro nas cidades e são preciosos para uma massa de pobres e miseráveis. Concordo. Muito além de um programa bem-sucedido de transferência de renda, o Bolsa Família é um litro de combustível para o carro roncador brasileiro. Mas precisamos bem mais que isso para encher o tanque de um Brasil que precisa crescer de fato e permitir que sua população possa pisar no acelerador sem medo de ver acender a luz da reserva.
Um dos “trunfos” utilizados pelo ex-presidente Lula foi forçar a abertura das torneiras de crédito nos bancos. Nunca antes na história desse país vimos crescer tanto a indústria dos empréstimos, com instituições financeiras faturando montantes estratosféricos com seus juros exorbitantes e abusivos. Por consequência, explodiu o número de endividados. Mas quem se preocupa com isso? Imediatista, o povo brasileiro adorou a abertura das mais variadas linhas de crédito e fez a festa. Esse é o socialismo tupiniquim pregado pela administração petista, numa farsa retumbante do que seja a redução das desigualdades. O país caiu nessa armadilha.
A conta dessa farra chegou… e as prestações são altíssimas! Não por acaso, de olho na manutenção de seus índices de aprovação e para manter por mais algum tempo a farsa do dinheiro abundante circulando, Dilma Rousseff ordenou que os dois bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) preparem, com urgência, estudos com medidas para ampliar ainda mais o crédito, de forma a sustentar o avanço esquizoide da economia brasileira em 2012. A equipe da presidente garantiu que o PIB pode crescer de 4% a 5% tendo como base o consumo interno, especialmente financiado pelo crédito fácil e opulento.
Para quem está devendo até as cuecas, mais dinheiro fácil e rápido parece ser genial, não acham?! No entanto, isso é um crime, minha gente! O governo do Brasil está permitindo que a população engrosse o caldo dos superendividados. Reiterando a máxima lulista, nunca na história desse país cresceu tanto o número de cidadãos com o “nome sujo” nos serviços de proteção ao crédito. E pior: nunca os bancos e financeiras ganharam tanto dinheiro com a exploração de juros monumentais. Esse nosso socialismo petista tupiniquim é um espetáculo para os banqueiros. Quem diria, né?!
O povo está caladinho. Despencados na armadilha do dinheiro imediato no bolso e posando na praça no papel de uma nova classe média ascendente. Lorota! Só estamos postergando, um pouco mais, o prazo para pagar a conta. No cenário internacional, o gigante sonolento brasileiro está comendo sardinha e arrotando salmão, em tempos onde o que está à mesa é a simplicidade e a pujança do frango xadrez chinês. Infelizmente, só ouvimos críticas a esse “modelo” de exploração caótica e desordenada da economia popular por uns poucos que seguem cochichando pelos cantos. A tendência é que isso se agrave. Daí, restará apenas aquela famosa expressão da criançada: “Quem cochicha o rabo espicha e come pão com lagartixa”. Bom apetite!
*Helder Caldeira é escritor, jornalista político, palestrante e conferencista, autor do livro “A 1ª PRESIDENTA”, primeira obra publicada no Brasil com a análise da trajetória da presidente Dilma Rousseff e que já está entre os livros mais vendidos do país em 2011. www.heldercaldeira.com.br – helder@heldercaldeira.com.br
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