domingo, 12 de fevereiro de 2012

GRÉCIA A FERRO E FOGO APROVA MAIS MEDIDAS DE AUSTERIDADE




Manifestantes pegam fogo a um banco e duas lojas em Atenas


A polícia isolou, este domingo, a praça Syntagma, junto ao parlamento grego, onde à noite é votado o novo plano de austeridade, mas os confrontos com manifestantes continuam nas ruas adjacentes, onde foi posto fogo a um banco e duas lojas.

Após a polícia ter dispersado a concentração de protesto em Atenas contra o novo memorando de ajuda à Grécia, com recurso a granadas de gás lacrimogéneo, logo após o seu início (pouco depois das 17 horas locais, 15 horas em Lisboa), milhares de manifestantes recuaram, mas o ambiente continua tenso nas artérias vizinhas do parlamento grego, testemunhou a Lusa no local.

As agressões entre manifestantes e agentes policiais são constantes, com arremessos de pedras e 'cocktails molototov', escutando-se o som de rebentamentos frequentes de petardos, e na atmosfera persiste um cheiro intenso de gás lacrimogéneo e de fumo de caixotes do lixo a arder.

Segundo outros testemunhos chegados à Lusa, alguns manifestantes estão a partir montras de estabelecimentos comerciais e pegaram fogo a um banco e duas lojas.

Durante a tarde, a polícia de Atenas dispersou a manifestação convocada para a praça Syntagma, quando milhares de pessoas ainda estavam a chegar, empurrando-as com recurso a gás lacrimogéneo para as ruas laterais, onde às 19 horas (hora de Portugal continental, 21 em Atenas locais) ainda permanece muita gente.

Não houve pânico durante a retirada da praça, com milhares de pessoas a acotovelarem-se por estreitas ruas mas em ordem como se já estivessem há muito habituadas a este tipo de situação, testemunhou a Lusa no local.

"Foi uma acção inesperada, pensava que nos deixavam manifestar e voltar para casa. A polícia foi muito agressiva. Nem nas manifestações dos indignados entre Maio e Julho isto aconteceu", disse Haritina, uma manifestante.

"Os polícias recebem ordens para fazer isto, também estão numa posição difícil", afirma Petrus, médico que participou no protesto contra as medidas de austeridade que o parlamento está hoje a debater para garantir um segundo resgate de 130 mil milhões de euros ao país.

Segundo a France Presse, a polícia interveio quando os manifestantes começaram a fazer pressão no cordão de segurança, junto ao parlamento grego, onde já decorria o debate extraordinário sobre o memorando de ajuda externa à Grécia.

A mesma agência de notícias dá conta de seis feridos nos confrontos.

À mesma hora, decorreu uma segunda manifestação convocada pelo partido comunista para a Praça Omonia, a cerca de um quilómetro do parlamento, e que tentou juntar-se posteriormente à concentração na Praça Syntagma. A polícia impediu no entanto este movimento e registaram-se confrontos.

As autoridades estimam que tenham saído para a rua 30 mil pessoas em Atenas e outras 15 mil em Salónica, segunda cidade do país.

Os sindicatos avançam por seu lado com 60 mil manifestantes só na capital grega.

O novo plano grego de resgate, cuja adopção é exigida pelos credores internacionais para impedir a bancarrota e manter Atenas no euro, levou à convocação com carácter de urgência de um debate parlamentar, onde o governo de coligação socialista-conservador de Lucas Papademos detém uma maioria teórica de 236 votos em 300 possíveis.

O novo plano de austeridade prevê, entre outras medidas, o despedimento de 15 mil funcionários públicos até ao final do ano (150 mil até 2015), uma redução de 22% do salário mínimo, que deverá situar-se perto dos 500 euros, e a liberalização das leis laborais.

A votação do projecto de lei está prevista para a meia-noite em Atenas (22 horas em Lisboa).

Grécia aprova novas medidas de austeridade em clima de guerrilha urbana

Jornal de Notícias

O parlamento grego aprovou as novas medidas de austeridade, no meio de uma onda de protestos violentos que está a deixar Atenas num clima de guerrilha urbana.

O novo plano de austeridade é considerado vital para impedir bancarrota da Grécia. A aprovação das novas medidas vai permitir desbloquear um segundo pacote de ajuda, no valor de 130 mil milhões de euros.

Nas ruas de Atenas, contam as agências France Press e Reuters, vive-se "um clima de guerrilha urbana", com confrontos entre polícias e manifestantes, que estão, este domingo, concentrados na praça Syntagma, em frente ao Parlamento Grego, que acabou de votar o novo plano de austeridade.

Durante o dia, pelo menos um banco e duas lojas foram incendiadas no centro de Atenas. Muitos manifestam-se usam pedras e "cocktails molotov" para atacar a polícia e são constantes os pequenos focos de incêndio.

Vários deputados socialistas e uma dezena de parlamentares do partido Nova Democracia (conservadores), as forças políticas que integram a coligação governamental grega, manifestaram publicamente discordar do acordo e ameaçaram votar contra as medidas de austeridade exigidas pela 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu).

O novo plano de austeridade incluiu despedimentos na função pública e uma redução nos custos da mão-de-obra, de forma a que a Grécia possa receber um empréstimo de resgate de 130 mil milhões de euros antes de 20 de março, quando o país terá de reembolsar 14,5 mil milhões de euros aos detentores de dívida pública grega.

A capital grega Atenas está hoje a ser palco de manifestações com milhares de pessoas nas ruas, tendo-se registado confrontos entre manifestantes e a polícia, estando esta noite vários edifícios em chamas.

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