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DOIS trabalhadores moçambicanos da mina de platina, em Rustenburg, na África do Sul, contam-se entre os mortos registados na passada sexta-feira quando se dirigiam aos seus postos de trabalho, tendo caído nas mãos de colegas que não só impediram que retornassem ao trabalho como acabaram agredindo-os até à morte.
Dados colhidos no terreno por elementos da Delegação do Ministério do Trabalho, na África do Sul, indicam que perderam a vida os moçambicanos Aurélio Zaqueu Cuamba, natural de Inharrime, e Augusto Cassimo Malela, de Homoíne, ambos da província de Inhambane. Durante os tumultos de sexta-feira protagonizados pelo grupo de grevistas que continua irredutível na sua reivindicação foi igualmente reportada a ocorrência de actos de violência que resultaram em pouco mais de 60 feridos.
Augusto Malela trabalhava para a empresa Triple M Mining, Ltd, que presta serviços à companhia mineira Impala Platinum Mine, enquanto que em relação a Aurélio Cuamba ainda não se conseguiu apurar o sector em que trabalhava, sabendo-se apenas que prestava serviços à mina Impala. Para além desta insuficiência de dados, o malogrado Aurélio Cuamba não apresentava em vida um documento moçambicano, identificando-se apenas com documentação sul-africana.
Trata-se das primeiras mortes de moçambicanos desde que a greve eclodiu a 19 de Janeiro do ano corrente e que tem sido caracterizada por manifestações de violência protagonizadas por um certo sector de trabalhadores, que reivindicam um aumento salarial de 5 para 9 mil randes.
A revolta de sexta-feira, para além da morte dos dois compatriotas, causou também a morte de um mineiro de nacionalidade sul-africana, e ferimentos, entre ligeiros e graves, de 60 outros trabalhadores, segundo apurou a Delegação moçambicana do Ministério do Trabalho junto do subcomandante do posto policial de Phokeng, responsável pela segurança da companhia mineira.
Até segunda-feira passada 400 pessoas haviam sido detidas em conexão com a greve.
Da lista dos feridos constam três moçambicanos que agora totalizam um número de seis, dos quais apenas foi possível identificar Moisés Saimone Bila e Rodrigues Zacarias Licoze, estando em curso o apuramento da identificação do terceiro. A recolha de dados torna-se difícil, uma vez que mesmo o acesso ao hospital onde se encontram internados os feridos é feito sob o risco de vida, devido a velados actos de intimidação por parte dos grevistas que, na primeira fase, mobilizaram mais de 17 mil mineiros para a sua causa, logrando a paralisação total da mina, que empregava até à eclosão da greve um total de 26 mil trabalhadores, dos quais 1860 moçambicanos.
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