quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

“OPERAÇÃO CARLOTA III” – II – INVESTIGAR EM NOME DO FUTURO!



Martinho Júnior, Luanda

1 – Angola pode, a partir do esforço comum que se está a ampliar conjuntamente com Cuba, não se limitar a uma melhor cobertura em termos de saúde em todo o território nacional e começar a esboçar, a partir da plataforma mínima dos êxitos actuais, a criação das bases para se realizarem investigações e pesquisas que conduzam a respostas mais adequadas em benefício do seu povo e de todos os povos que compõem os países africanos e Não Alinhados.

A variada flora e fauna de Angola, bem como outros recursos ligados às águas interiores e aos de natureza ambiental, podem ser alvo de amplos estudos que visem inventariar factores que, por seu turno, mereçam interesse de pesquisa a fim de encontrar soluções para combater todo o tipo de doenças.

Nesse aspecto Angola possui um vasto território e um quadro alargado de pesquisas é praticamente virgem no país.

Esse manancial está pois à mercê, quando doenças como o paludismo, as diarreias, a tuberculose, a SIDA e outras constituem um desafio imenso a vencer em África.

Tendo isso em mente, necessário se torna trabalhar com as novas gerações para enfrentar os desafios pelo que, aqueles que tanto se esforçam por esmerar em educação e saúde, estão na posição ideal para fundamentar o futuro da pesquisa e da investigação em qualquer sector do conhecimento.

Essa é também a melhor fórmula para se enfrentarem os traumas que directa e indirectamente afectam a sociedade angolana depois de tantos anos de tensões, conflitos e guerras.

2 – Em resultado da elevada atenção que a revolução deu à educação e à saúde, em função do homem ter sido colocado como centro de todas as atenções, múltiplos sectores de actividade em Cuba começaram a dar oportunidade à gestação de universidades com capacidades de pesquisa e investigação, com cada vez mais cientistas e investigadores.

Cuba já é mundialmente conhecida pelos seus êxitos em várias disciplinas, entre elas as relacionadas com a saúde.

Muito recentemente o jornal “Expresso” em Portugal (http://aeiou.expresso.pt/cuba-descobre-vacina-contra-cancro-do-pulmao=f625310) noticiava:

“Cuba descobre vacina contra cancro do pulmão.

Cientistas cubanos anunciaram ontem a descoberta da primeira vacina terapêutica contra o cancro do pulmão.

A CIMAVAX-EFG, resultante de 15 anos de pesquisa, já está patenteada.

Dentro em breve, o cancro do pulmão poderá deixar de ser o mais letal de todos os tipos e entrar para a lista das doenças crónicas.

A boa notícia vem de Cuba, que acaba de patentear a primeira vacina terapêutica contra a doença.

Mais de 1 000 pacientes já estão a receber o novo tratamento.

A descoberta foi anunciada por Gisela González, responsável pelo projeto que desenvolveu a vacina.

Em entrevista ao semanário cubano "Trabajadores" - publicada ontem por esse órgão de comunicação da Central de Trabalhadores de Cuba-, a investigadora disse que o objetivo da vacina é transformar o cancro do pulmão numa doença crónica controlável”.

Os êxitos de Cuba no campo da saúde têm dimensões variadas e por exemplo em relação ao Haiti eles abrangem toda a sociedade do país e contaminam saudáveis parcerias sul-sul (http://www.hpnhaiti.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=5361:haiti-bresil-du-30-au-31-janvier-2012-se-tient-en-haiti-la-9-ieme-reunion-du-comite-de-gestion-trip&catid=8:societe&Itemid=14):


La neuvième réunion du comité tripartite Brésil-Cuba-Haïti ouverte lundi par la ministre de la santé publique Mme Florence Duperval Guillaume prendra fin ce mardi.

La ministre accueille favorablement cette rencontre qui se tient pour la première fois en Haïti.

Selon la ministre Guillaume l’objectif de la rencontre est d’évaluer l’avancement des accords qui ont été signés par cette coopération depuis le 26 mai 2010 en vue d’améliorer la situation sanitaire en Haïti.

Haïti ne dispose pas jusqu'à présent d’un cadre légal sur le droit sanitaire, aussi cette 9 ieme réunion sera l’occasion pour des experts de Cuba, du Brésil et d’Haïti de faire des échanges et des discussions autour de cette problématique, affirme Mme Guillaume.

La ministre du MSPP dit souhaiter que les autres pays membres de cette coopération respectent leur engagement pris envers Haïti qui visait notamment la mise en place de 4 hôpitaux de référence, la réalisation de programmes de formations d’officiers sanitaires”.

É evidente também que, à medida que as matérias vão sendo aplicadas nas escolas, os métodos de acompanhamento e conhecimentos pedagógicos se vão acumulando, de forma que as experiências visam cada vez mais um melhor aproveitamento, uma melhor assimilação.

Notícias sobre esta questão crucial onde Cuba também é vanguarda sintetizam (http://www.radiorebelde.cu/noticias/educacion/educacion1-040509.html):

“Impacto internacional de investigaciones cubanas.

Teresa Valenzuela,

La Habana, Cuba.-

El Instituto Central de Ciencias Pedagógicas (ICCP), perteneciente al Ministerio de Educación cuenta con un grupo de investigaciones vinculadas a la calidad de la educación de gran impacto internacional.

El director de la entidad, el Doctor Lizardo García destacó que la institución que dirige condujo durante 12 años los estudios sobre el Programa Educa Tu hijo que atiende a la familia y a sus hijos que se preparan para la entrada a la escuela primaria: por su naturaleza social el novedoso proyecto se aplica con éxito en numerosos países de América Latina, donde se tienen en cuenta las características de cada región.

Otra experiencia que se aplica con gran fuerza en el exterior es la referida al mejoramiento de la calidad educativa que apoya fundamentalmente una tecnología elaborada en el ICCP que comenzó en la enseñanza primaria y se extendió al resto: parte de un diagnóstico fino de los estudiantes, de sus familias y las comunidades, así como, de la consideración de las particularidades de la educación del niño a quien se le da una tratamiento diferenciado lo que conlleva a darle una mayor atención pedagógica.

El especialista señaló que en esencia se trata de la detección de las necesidades de los niños y se tienen en cuenta también a los maestros con vistas a darles una atención metodológica através de diplomados y cursos para elevar su calificación como docentes que les permita realizar mejor su trabajo educativo”…

3 – Avaliando a trajectória dos relacionamentos Cuba – Angola e a sua densidade histórica, é legítimo pensar de forma projectiva que os resgates que implicam uma longa luta em relação ao subdesenvolvimento crónico em que nos encontramos em Angola, têm de continuar no futuro, tirando partido da plataforma conseguida com as Operações “Carlota I”, naquela hora decisiva da independência em 1975 e “Carlota II”, quando foi possível, a partir de 2007, esboçar as amplas iniciativas em termos de educação e saúde em solo angolano.

Das fornadas de angolanos que se tornarão médicos, enfermeiros e técnicos de saúde, sairão as futuras equipas capazes de responder aos imensos reptos que existem em termos de pesquisa e investigação multi sectorial, a “Carlota III”!!!

Interrogava-se o Embaixador Cubano Ross Leal na conversa longa que teve com a imprensa angolana a 24 de Janeiro, para a qual tive a honra de ter sido convidado, quantos médicos angolanos formou o colonialismo, ao menos na fase derradeira de sua existência?!...

Julgo que na longa luta que nos espera contra o subdesenvolvimento, os resgates históricos que há por realizar em relação a um passado tão obscuro como o vivido pelos angolanos e por tantos povos de África, obriga-nos à ousadia de projectar o futuro com o homem, para o homem e no homem, duma forma nunca antes experimentada, mesmo que os mercenários tenham proliferado em função dos impactos negativos na sociedade do capitalismo neo liberal.

O relacionamento Angola – Cuba e as plataformas que se têm alcançado são o melhor dos cimentos para garantir a construção do futuro!

* Martinho Júnior pertence ao coletivo de Página Global/Fábrica dos Blogues, foi colunista do semanário Actual, de Luanda, falido no último trimestre de 2004. Reproduzido no Informação Alternativa e em outras publicações. Para breve a publicação de um livro. Antigo combatente do MPLA na luta pelo resgate do colonialismo, do “apartheid” e das suas sequelas. Identificado com o povo angolano, mantendo um ponto de vista histórica e sociologicamente à esquerda do actual espectro político angolano. A vocação para a escrita redunda dessa identificação, tendo começado a publicar na última década do século passado.

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1 comentário:

Anónimo disse...

O Haiti que Dilma visita (contado por Eduardo Galeano)

“Os escravos negros do Haiti propinaram uma tremenda surra ao Exército de Napoleao Bonaparte; e em 1808 a bandeira dos livres se alçou sobre as ruínas.

Mas o Haiti foi, desde ali, um país arrasado. Nos altares das plantações francesas de açúcar se tinham imolado terras e braços, e as calamidades da guerra tinham exterminado um terço da população.

O nascimento da independência e a morte da escravidão, façanhas negras, foram humilhações imperdoáveis para os brancos donos do mundo.

Dezoito generais de Napoleão tinham sido enterrados na ilha rebelde. A nova nação, parida em sangue, nasceu condenada ao bloqueio e à solidão: ninguém comprava dela, ninguém lhe vendia, ninguém a reconhecia. Por ter sido infiel ao amo colonial, o Haiti foi obrigado a pagar à França uma gigantesca indenização. Essa expiação do pecado da dignidade, que esteve pagando durante um século e meio, foi o preço que a França lhe impôs para seu reconhecimento diplomático.

Ninguém mais o reconheceu. Nem a Grande Colombia de Simon Bolívar, mesmo se ele lhe deveu tudo. Navios, armas e soldados o Haiti tinha lhe dado, com a única condição que libertasse aos escravos, uma ideia que não tinha ocorrido ao Libertador. Depois, quando Bolívar triunfou na sua guerra de independência, negou-se a convidar o Haiti ao congresso das novas nações americanas.

O Haiti continuou sendo o leproso das Américas.

Thomas Jefferson tinha advertido, desde o começo, que tinha que confinar a peste nessa ilha, porque dali provinha o mal exemplo.

A peste, o mau exemplo: desobediência, caos, violência. Na Carolina do Sul, a lei permitia prender qualquer marinheiro negro, enquanto o seu navio estivesse no porto, pelo risco de que pudesse contagiar a febre antiescravista que ameaçava a todas as Américas. No Brasil essa febre se chamava haitianismo.
Postado por Emir Sader às 14:03


http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=878

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