Jornal de Notícias
O Governo português tem pouca margem de manobra para combater a crise, mas "deve resistir a apelos por mais austeridade", afirmou, esta segunda-feira, em Lisboa, o economista norte-americano Paul Krugman.
"O meu ponto de vista é que era preciso alguma austeridade, não se podia ignorar as restrições", afirmou o prémio Nobel da Economia de 2008 numa conferência de imprensa. "Mas não peçam mais austeridade, isso não vai melhorar de forma alguma os dados básicos da economia".
Krugman recebe, esta segunda-feira, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, o grau de Doutor Honoris Causa atribuído pela primeira vez juntamente pelas três universidades públicas de Lisboa (Clássica, Técnica e Nova).
Repetindo as críticas que tem feito às políticas seguidas pelo Banco Central Europeu e pela Alemanha, o economista norte-americano disse também que os governos de países periféricos têm "pouca margem de manobra" perante a atual crise: "Ser chefe de Estado de um pequeno país europeu nesta situação é como ser governador de um estado americano".
Questionado pelos jornalistas sobre que tipo de intervenção mais direta é que poderia ter, Krugman respondeu que nenhuma: "Pessoalmente, parece-me difícil ver que mais é que eu poderia fazer. Não me parece que alguém me queira num governo".
Portugal terá de baixar os seus salários inevitavelmente relativamente aos principais países da zona euro, mas não ao nível dos chineses, considerou, esta segunda-feira,o nobel da economia Paul Krugman em Lisboa.
O economista, que está em Lisboa para receber o doutoramento 'honoris causa' pela Universidade de Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa e Universidade Nova de Lisboa, disse em conferência de imprensa que "Portugal precisa de reduzir os seus salários relativamente aos países 'core' da zona euro".
"Não é simpático, mas é algo que terá de acontecer" afirmou o economista em resposta às questões colocadas pelos jornalistas, lembrando que Portugal tem um défice comercial muito elevado e que terá de ganhar competitividade.
Esta redução terá de ser feita em relação à Alemanha, que diz ser a referência dentro da zona euro também em termos de salários, recusando a hipótese desta redução e salários ser feita numa dimensão mais elevada, exemplificando com a China.
"Portugal não tem de reduzir os seus salários ao nível dos chineses", disse.
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