A batota no máximo do seu esplendor
Suzana inglês continua a sujar e manchar as eleições/2012
Sílvio Van-Dúnem – Folha 8
Bem conhecida de longa datas, isto para não dizer desde sempre, a capacidade de uma certa franja do MPLA e, sobretudo, o seu expoente máximo, se servirem de pessoas fiéis aos seus intentos e depois deitarem-nas fora, como aconteceu, com Lara, Lopo, Moco, Miala e outros mais, tem hoje na mira pelo menos duas novas eventuais vítimas.
A última da lista, que será certamente sacrificada, tal como já escrevemos, é Susana Inglês, peça pré-formatada de mais uma manobra propositada orquestrada por uma franja conservadora do MPLA, uma jurista de renome que sacrifica a sua reputação e bom nome, para ajudar o M a ganhar tempo a fim de o MAT ganhar também algum tempo para concluir com os seus intentos de preparação para a fraude com o retardar da transferências das competências para a CNE.
É claro que as eleições vão ser fraudulentas, isso já toda a gente sabe, mas agora, com esta mamã da OMA, muitos dizem que elas serão um autêntico cemitério dos partidos da oposição e da democracia que se pretende construir em Angola.
Como podemos ficar calados diante de uma aberração que está a vista de todos?
Que moral terá, doravante o “EME” para exigir que os outros cumpram com a lei?
Sabendo-se de antemão que os camaradas vão ganhar outra vez, porquê alimentar estas jogadas baixas que trazem suspeitas e descrédito.
Estupidamente.
Estupidamente ou não, a verdade é que os conservadores do partido no poder caminham a passos largos para mais uma indecifrável charada política de que só eles têm a chave.
O caso da Drª. Suzana Inglês é paradigmático: o poder avança de olhos fechados e a troque de caixa, irresistivelmente, para executar a sangue frio uma verdadeira matança de uma lei que ele próprio promulgou. O que aconteceu não tem perdão, é um “bras d’honneur”, uma provocação grotesca de meliante ao poder instituído, quer dizer, um genuíno manguito feito a si mesmo pelo próprio JES.
Com efeito, o regulamento aprovado pelo Conselho Superior de Magistratura ordena que o candidato à presidência do CNE seja um Magistrado Judicial, pertença a um órgão judicial e esteja no exercício da função judicial no momento da sua designação, entre outros requisitos. Com a nomeação de Suzana Inglês foram pronunciados veementes, indignados e justificados protestos, tendo-se levantado em volta deles uma acesa polémica. O problema e que não se vê onde possa haver polémica, pois tudo é absurdo, desde defender a ideia de que a candidatura de Suzana António Inglês seja considerada legítima e em conformidade com o que está escrito e aprovado pelo próprio Conselho de Magistratura, até ao cúmulo do que há de mais absurdo ainda, isto é, o facto de a senhora ter sido nomeada.
A Dr.ª Suzana António Inglês está realmente inscrita na Ordem dos Advogados de Angola, e não é Magistrada Judicial em exercício de funções em qualquer outro órgão Judicial.
Portanto, mesmo que seja pertinente mencionar a nulidade da sua exoneração como magistrada em 1992, e mesmo que se insista em negar a realidade e a consideremos como sendo magistrada, ela não exercia no momento da sua candidatura, o que significa que nem sequer podia ser candidata. A polémica é de “chacha”, não tem sentido.
Não é tudo, o pior, como cacetada quase letal ao moribundo prestígio do poder judicial angolano, é que nem sequer é preciso sair deste imbróglio para concluir que nas suas paradoxais decisões, o Conselho Superior de Magistratura (CSM), fomentou claramente a ilegalidade, ao deixar que, na sua qualidade de magistrada de justiça (por inferência do próprio CSM), a Drª Suzana Inglês exercesse a profissão de advogada impunemente durante mais de 9 anos (!).
Aqui, neste ponto preciso, podemos questionar a seriedade desta senhora, bem ora a consideremos como uma pessoa digna de respeito. Sim, isso é certo, mas como é que ela pôde aceitar este papel tão indigno? Como é que a forçaram a aceitar uma função pior que a de Judas, que só poderá acabar mal, muito mal, por uma vitória de Pirrus, ou por um descrédito definitivo de uma, até esta data, considerada excelente personalidade jurídica.
Imagem: correntes.blogs.sapo.pt
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