domingo, 12 de fevereiro de 2012

QUEM É YOANI SÁNCHEZ?



Cuba Debate

Com o título “Yoani Sánchez: Bloguera ou mercenária? “, o jornalista brasileiro Altamiro Borges publicou uma caracterização da multipremiada blogger que se soma à informação que nos últimos dias vários espaços alternativos do Brasil têm difundindo sobre este mediático personagem.

Complementando o trabalho de Altamiro, quem preside o Centro de Estudos de Meios Alternativos Barão de Itararé na cidade de São Paulo e é autor, entre outros títulos, do livro A ditadura da mídia, e de outros jornalistas brasileiros, La pupila insomne elaborou este dossiê.

1. Empregada da SINA:

-Yoani Sánchez (YS) se reúne frequentemente e recebe instruções da Repartição de Interesses dos EUA (SINA) em Havana.

Além das fotografias e vídeos que documentou a imprensa cubana, Wikileaks publicou vários cabogramas que registram, desde 2008, reuniões de YS com funcionários da SINA em Havana.

Em pelo menos 11 cabogramas não censurados e emitidos desde o Escritório de Washington em Cuba, há referências a reuniões com a blogger e intercâmbio de informação dela com diplomatas dessa embaixada. [1]

-A SINA conspirou com YS e executou a fraude da falsa entrevista a Barack Obama.

Segundo cabograma emitido desde a SINA no dia 28 de agosto de 2009, as respostas da publicitária “entrevista” foram redigidas por funcionários da Repartição de Interesses dos Estados Unidos. Quatro meses depois, o texto retornou para a sede diplomática enviado pela Casa Branca, com um alto por cento de coincidência entre a resposta e a versão original, incluindo quase exatamente a mesma introdução na qual Obama felicitaria a Sánchez pelo prêmio María Moors Cabot, da Universidade de Columbia.

O cabograma de 28 de agosto também incluía as perguntas que a “jornalista” enviaria ao presidente cubano Raúl Castro – coisa que nessa data ainda não tinha feito. [2]

-A diplomacia estadunidense promove e dirige a blogger Yoani Sánchez como uma alternativa crível para dissidência tradicional.

O Chefe da SINA em Havana, Jonathan Farrar, escreveu ao Departamento de Estado em 9 de abril de 2009 e revelou Wikileaks: ”Pensamos que a jovem geração de dissidentes não tradicionais, como Yoani Sánchez, pode desempenhar um papel em longo prazo em uma Cuba pós-Castro”. Nesse cabograma, Farrar aconselha ao Departamento de Estado que concentre seus esforços nesta dissidente e lhe ofereça mais apoio. [3]

-O discurso de YS está ligado à política de Washington para Cuba, e ela tem admitido abertamente esta subordinação:

“Os Estados Unidos deseja uma mudança de governo em Cuba, mas é também o que eu desejo.” (Declarações a Salim Lamrani, publicadas em Rebelión a partir de 15 de abril de 2010, em duas partes http://www.rebelion.org/noticia.php?id=104205. (Se pode aceder também a fragmentos do áudio da entrevista)

-Sua figura é sobredimensionada continuamente pelo Departamento de Estado, instituição que destina 20 milhões de dólares anuais à subversão em Cuba e privilegia neste fundo o uso das novas tecnologias e a criação de líderes nas redes sociais.

A Secretária de Estado tem feito referência diretamente a YS ao menos em um discurso todos os anos, desde 2009 até 2011. Em 9 de novembro de 2009, seu escritório fez uma declaração por ocasião de um falso “assalto” contra bloggers cubanos; em 3 de maio de 2010, Clinton a elogiou durante a homenagem pelo Dia da Liberdade de Imprensa, e em março de 2011, lhe fez homenagem no 2011 International Women of Courage Awards.

No entanto, nenhum dos jornalistas e bloggers registrados no Barômetro 2012 de Repórteres sem Fronteiras é cubano:


O Barômetro de 2012 de RSF, que é atualizado cada ano, identifica 306 jornalistas e ciberdissidentes mortos e presos, para os que o Departamento de Estado não tem prestado a mais mínima atenção. De fato não ha referência a nenhuma dessas pessoas na página oficial www.state.gov, mas quem fizer ali uma busca do nome “Yoani Sanchez” encontrará listados 11 relatórios e declarações, desde 2008 até a data, emitidas por essa instituição[4].

2. Falsa líder:

-Segundo uma enquete realizada pela SINA e revelada por Wikileaks, YS é conhecida só por um 2% dos que responderam a enquete. O “opositor” mais conhecido na Ilha é Luis Posada Carriles, segundo a sondagem. [5]

-O blog Generación Y, principal meio de expressão da blogger, não tem nenhum impacto na audiência cubana.

O blog não está bloqueado em Cuba e, no entanto, o tráfico desde a Ilha é insignificante, segundo medidores especializados na web como Alexa.com. Veja desde onde se acede ao blog (o rank é o lugar que ocupa em cada país, de acordo com o tráfico dos usuários locais):

Ver quadro no original

Seu blog não é um referente internacional para consultar os temas de Cuba, apesar dos enormes recursos técnicos, a maquinaria publicitária que tem a sua disposição e as versões em 21 idiomas deste blog.

Veja uma comparação do tráfego, segundo Alexa.com, entre o blog Generacion Y, Cubadebate e Juventud Rebelde, os jornais mais visitados na Ilha. Em azul, Generación Y:

Ver quadro no original e artigo completo

PÁGINA GLOBAL DESTACA

3.-Falsa experta e falsa libertária

-Sua ignorância sobre a história e a realidade cubana é proverbial.

É extenso seu ciberbestiário. Reproduzimos algumas frases da entrevista concedida a Salim Lamrani:

(a Lei de Ajuste Cubano dos EUA contra Cuba não é ingerência porque) há relações fortes. Joga-se beisebol em Cuba como nos Estados Unidos.

Privatizar, não gosto do término porque possui uma conotação pejorativa, mas de colocar em mãos privadas, simNão diria que (o lobby fundamentalista de Miami, sic) são inimigos da pátria.

Pensei que com o que tinha aprendido na Suíça, poderia mudar as coisas voltando a Cuba.

Estas pessoas que estão a favor das sanções econômicas (a população de seu país) não são anti-cubanas. Penso que defendem Cuba segundo seus próprios critérios.

(
Os Cinco presos nos Estados Unidos) não é um tema que interesse à população. É propaganda política.

(O caso Posada Carriles) é um tema político que não interessa as pessoas. É uma cortina de fumo.

(Os Cinco) O governo cubano diz que não desempenhavam atividades de espionagem senão que haviam infiltrado grupos cubanos para evitar atos terroristas. Mas o governo cubano sempre disse que esses grupos estavam vinculados a Washington.

(Já houve uma invasão dos EUA a Cuba, diz Lamrani) Quando?

O regime (de Batista que assassinou 20 000 cubanos) era uma ditadura, mas havia uma liberdade de imprensa plural e aberta.

Cuba é uma ilha sui generis. Podemos criar um capitalismo sui generis.

A propósito destas confissões de YS a Lamrani, escreveu no jornal Público Ignácio Echeverría, que é um dos principais críticos literários da Espanha e testamenteiro do escritor chileno Roberto Bolaño: (uma jornalista) escandalosamente inconsistente, incapaz de resistir o brutal aluvião de rigorosas perguntas e de acusações mais ou menos veladas que Lamrani lhe faz. O documento, em sua totalidade, é surpreendente e incomodamente instrutivo; pois resulta em definitiva desoladora a mistura de ingenuidade e indigência intelectual que Yoani Sánchez manifesta, sua fraqueza ideológica, sua própria vulnerabilidade.

-Sua escassa liderança também tem que ver com seu desprezo pelo povo de Cuba.
Em uma entrevista prestada para o El Nuevo Día, de Porto Rico, expressou: “Um 80% (do povo cubano) vai para uma direção ou para outra segunda sopre o vento porque o oportunismo calou bem fundo no país”. [7]

4.-Mentirosa compulsiva

-Mentiu quando denunciou perante a imprensa internacional que tinha sido golpeada pela polícia em Havana.

Meios de todo o mundo resenharam que 6 de novembro de 2009 havia sido presa, junto com três amigos por “três fortes desconhecidos” durante uma “tarde carregada de golpes, gritos e insultos”. Em 8 de novembro recebeu jornalistas em sua casa para mostrar as evidências de supostas pancadas, das que não tinha falado até 48 horas depois.

De acordo com os que reportaram este encontro na casa da blogger, YS disse que recebeu “pancadas e empurrões, “golpes nas articulações”, nova “onda de golpes”, o “joelho sobre [seu] peito”, os golpes nos “rins e [...] a cabeça”, “o cabelo” puxado, o “rosto envermelhado pela pressão e muita dor no corpo”, “os golpes [que] seguiam caindo” e “todos estes morados”. Porém, o correspondente da BBC em Havana Fernando Ravsberg disse que Sánchez “não tem hematomas, marcas ou cicatrizes”. [8]

O jornal La República, da Espanha, publicou um vídeo com depoimentos dos médicos que a atenderam um dia depois das supostas pancadas, quando ela se apresentou para reclamar um documento que provasse que tinha sido vítima da violência. Os três especialistas que a assistiram referiram que YS não tinha o menor indício de violência, apesar de ter passado 24 horas do suposto ataque e de ela ter tez muito branca, uma pele que dificilmente esconderia marcas e arroxeados causados por um ataque violento. (continua)

Nota Página Global

Considerando a extenção do artigo no Cuba Debate sugerimos que ali o leia na íntegra. Procurámos fazer aqui constar o que considerámos mais relevante.


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