Carlos Fonseca - Aventar
O descontentamento da generalidade dos portugueses torna-se, a cada passo, mais intenso e transversal. Da direita à esquerda, de monárquicos a republicanos, de empregadores a empregados, de ateus anónimos a figuras da hierarquia da igreja católica , as fileiras de revolta engrossam gradual e sistematicamente.
Agora foi a vez do bispo D. Januário Torgal Ferreira vir a público denunciar:
Fica ele, fico eu, fica o dono do restaurante aqui da terra, o empregado de balcão da tabacaria, o comerciante de electrodomésticos António, entretanto falido, a D. Adelaide que se levanta às 6 da manhã para fazer limpezas na sucursal da Caixa Agrícola, o pastor Alexandre da aldeia e a também a vizinha e aldeã D. Gertrudes com os dois filhos desempregados.
Outros, muitos outros, empobrecidos, desempregados e desamparados pouco se manifestam. Afogam silenciosas e duras mágoas nas ‘minis’ oferecidas no café da vila, soprando a tristeza no fumo do miserável cigarro de ‘onça e mortalha’ manufacturado e mais baratinho.
Toda esta gente é, infelizmente, o estigma de um mundo e de um país pervertido. Sobretudo de um país em que milhares, muitos milhares, de cidadãos são deixados ao infortúnio. Não tiveram a sorte de ter uma irmã ministra para arranjar ‘tacho’. Muito menos souberam socorrer-se de oportunismos para se encaixar no governo e da aptidão de, como o cabotino secretário de estado, Sérgio Ribeiro de nome, não recusar a falta de honestidade política, ao lançar o topete:
Lisboa, ainda há dias foi confirmado publicamente, tem 420.000 habitantes fixos, a maioria dos quais sexagenários, septuagenários e ainda mais idosos. O Porto, ainda que a escala menor, não se distingue das características demográficas de Lisboa. Uma e outra constituem cenário rotineiro da morte de idosos isolados, sem que as comunidades se apercebam do sucedido.
Um Ribeiro – por alguma razão é apenas ribeiro e não rio e muito menos mar – quer centrar nos lisboetas a justificação para o aumento dos transportes. Aqui, no Norte Alentejano, Sr. Ribeiro, os transportes colectivos são coisa rara – ramais de caminho de ferro e carreiras rodoviárias foram extintos e, portanto, aprofundado o isolamento do interior.
Os políticos-funcionários ou comissários são os eleitos para este tipo de desempenho. De resto, com um PM que faz da mentira o instrumento predilecto da comunicação do governo, não é com Passos de Coelho, Ribeiros e outros do género que o País avançará. Permanecerá no caminho da reles e vil política.
Bem pode Passos de Coelho propalar a propaganda de que Portugal regressará normalmente aos mercados em 2013. Deste género de embustes, já temos a nossa conta e fica-me a sensação de que Coelho ultrapassará Sócrates. Vai para o ‘Guiness’.
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