EL – NME - Lusa
Luanda, 13 mar (Lusa) - Abel Chivukuvuku, antigo delfim de Jonas Savimbi, líder fundador da UNITA, quebra na quarta-feira o silêncio a que tem estado remetido há vários meses, numa conferência de imprensa em que revelará qual vai ser o seu futuro político.
A última declaração à imprensa foi no passado sábado à agência Lusa, quando anunciou que apresentaria na quarta-feira de manhã, num hotel da capital angolana, o seu projeto político que passa pelas eleições gerais de setembro, e sobre o qual apenas informou que implica a criação de uma convergência de partidos e grupos de cidadãos.
No horizonte estão as eleições gerais de setembro próximo e de Abel Chivukuvuku, que completa 55 anos em novembro, confinado dentro da UNITA ao papel de mero espetador, sem qualquer cargo dirigente, é esperado o anúncio de uma nova formação partidária, instrumento indispensável para se apresentar nas eleições gerais e tentar formar um grupo parlamentar.
A seu favor joga a notoriedade acumulada ao longo de décadas de militância e do exercício de cargos dirigentes na UNITA e de confiança do líder fundador, Jonas Savimbi.
Natural de Luvemba, município do Bailundo, província do Huambo, no centro de Angola, Abel Chivukuvuku aderiu à UNITA ainda em 1974, e em 1979, já como militar do braço armado do movimento guerrilheiro, foi um dos responsáveis dos Serviços de Telecomunicações Externas da UNITA em Kinshasa.
Antigo conselheiro político de Jonas Savimbi, Chivukuvuku foi entre 1982 e 1986 chefe adjunto dos Serviços de Inteligência Militar da UNITA.
Formou-se em 1986 em Telecomunicações Militares e Serviços de Inteligência Militar, na Alemanha, e em 1988 obteve o diploma de língua inglesa, na Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Abel Chivukuvuku passou, entre 1987 e 1988, a ser o representante adjunto da UNITA em Portugal, cargo que veio depois também a ocupar no Reino Unido, e entre 1988 e 1991 representou o movimento junto das Nações Unidas e dos países da Europa do Leste.
O regresso a Angola, em 1992, levou-o a integrar a delegação da UNITA na Comissão Conjunta Político Militar, mas o descarrilar do processo eleitoral desse ano precipitou o país novamente na guerra civil, em que, na sequência dos confrontos registados em Luanda, após a recusa pela UNITA dos resultados das eleições, foi ferido e ficou sob custódia do Governo durante um ano.
A confiança que recebia de Jonas Savimbi levou-o ao cargo de assistente político permanente do fundador da UNITA, que o escolheu como seu enviado junto do Presidente José Eduardo dos Santos.
Abel Chivukuvuku foi líder da bancada parlamentar da UNITA entre 1997 e 1998 e depois do fim da guerra, em 2002, foi secretário para os Assuntos Parlamentares e diretor da candidatura de Isaías Samakuva à presidência da UNITA, no congresso de 2003, onde foi eleito secretário para os Assuntos Constitucionais e Eleitorais.
Em 2001, na África do Sul, licenciou-se em Relações Internacionais na especialidade de Administração do Desenvolvimento e Comunicação.
O afastamento de Chivukuvuku de liderança da UNITA pós-Savimbi consolidou-se em 2007, quando concorreu isoladamente contra Isaías Samakuva para a presidência da UNITA.
A derrota então averbada confinou-o desde então ao papel de mero espetador da cena política angolana.
Caso confirme na quarta-feira uma nova plataforma partidária, Abel Chivukuvuku joga todo o seu capital político num projeto alternativo ao MPLA e UNITA.
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