Lusa
Bissau, 19 mar (Lusa) - O ex-chefe dos serviços secretos da Guiné-Bissau coronel Samba Djaló, assassinado a tiro domingo em Bissau, era considerado como o homem que sabia "tudo e mais alguma coisa" sobre o país e as suas personalidades.
Entre os elementos dos serviços secretos guineenses, tanto civis como militares, Samba Djaló era aquele de quem se dizia conhecer todos os "dossiers" "bons e maus" de "políticos, empresários ou militares".
Dizia-se que era apenas superado pelo também falecido major Baciro Dabó, de quem foi subordinado durante vários anos e aprendiz, embora os dois se tenham incompatibilizado antes da morte de Dabó em junho de 2009.
Originário da vizinha Guiné-Conacri, Samba Djaló aderiu ao PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo) muito cedo ingressando nas Forças Armadas, tendo-se mais tarde especializado nos serviços secretos, onde sempre trabalhou durante mais de 30 anos.
O próprio afirmou ter tirado curso de pilotagem de aviões de guerra na então Checoslováquia.
Discreto e de olhar furtivo, Samba Djaló era pouco conhecido do grande público guineense fruto da forma de atuação de agente secreto.
Notabilizou-se mais durante o período em que Zamora Induta chefiou o Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, sendo praticamente seu braço-direito, facto que, conta-se, enervava os militares que não gostavam de ver um 'civil' a controlar os assuntos dos militares.
É que Samba Djaló chegou a ser diretor geral adjunto da 'secreta' civil - devido a ausência no país do diretor geral era de facto quem comandava as operações no Ministério do Interior - e ao mesmo tempo chefe dos serviços da contra inteligência militar.
Especialistas nos serviços secretos guineenses dizem que Djaló tinha "mesmo um poder real" por ser chefe da 'secreta' militar um posto tipo por importante nas estruturas do poder na Guiné-Bissau por ser "o posto de onde se sabe tudo e sobre todos".
O nome de Samba Djaló veio à ribalta quando apareceu a assinar documentos que denunciavam alegadas tentativas de golpes de Estado em 2009 e ainda supostas conjuras políticas no seio do PAIGC contra o Governo do então primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
Samba Djaló terá elaborado mesmo uma lista com nomes de dirigentes do PAIGC que visavam derrubar o governo de Carlos Gomes Júnior.
Samba Djalo celebrizou-se também por denúncias de alegados negócios de droga que estariam a acontecer no país. A mais noticiada foi a que culminou na detenção de dois jornalistas alemães numa praia no sul do país, que acabariam postos em liberdade por falta de provas.
Amigo e colaborador direto de Zamora Induta, Samba Djaló foi detido no dia 01 de abril de 2010 juntamente com o seu chefe. Ficou cerca de um ano nos calabouços em Mansoa mas ultimamente estava em liberdade e circulava por Bissau.
Foi morto na semana passada e passadas quase 24 horas desconhece-se ainda quem o matou e os motivos do homicídio.
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