segunda-feira, 26 de março de 2012

IDENTIFICAR PAUL KRUGMAN





A propaganda política tem uma irresistível atração para esconder perfis de pessoas, pensamentos e tentar vender gato por lebre. Desde que a II Guerra Mundial terminou, a Internacional Comunista optou em usar, em sua propaganda, intelectuais, escritores e jornalistas. Servindo-se deles para a defesa aberta ou disfarçada de teses que pudessem enfraquecer o capitalismo e, em especial, prejudicar a imagem dos Estados Unidos. Para tal, a seleção de instrumentos sempre incluiu autores norte-americanos, que, supostamente, seriam incapazes de defenderem posições antiamericanas e capitalistas. Era como se os EUA fossem uma democracia sem marxistas e seu modelo político e econômico fosse uma unanimidade nacional.

O nome do momento é o economista e jornalista do New York Times, Paul Krugman (Foto), publicado em centenas de jornais de todo o mundo. O Prêmio Nobel de Economia é badalado como um economista insuspeito, o que está longe da verdade. Ele defende teses da esquerda americana, que, hoje, com o fim a URSS, é a maior fonte de propaganda do neo-marxismo. Na economia, a ordem é se combater o capitalismo, através da desmoralização de suas instituições, de se ignorar o papel social da livre empresa, sua ligação com a liberdade política.

Para abater o capitalismo, o doublé de economista e jornalista sabe aproveitar a crise mundial, em especial a europeia e americana, para lançar as teses mais confusas com vistas a impedir definições pragmáticas pelos governos envolvidos. Na política americana, está sempre afinado com os liberais do Partido Democrata, eufemismo para denominar a esquerda americana. Certamente o amor ao palco e seus refletores o influenciou na evolução ideológica, uma vez que, no início dos anos 80, participou de grupo de assessoramento econômico ao presidente Reagan. Caso, talvez, semelhante ao do ministro da Defesa, Celso Amorim, com formação de esquerda desde sempre, que aceitou alegremente à presidência da Embrafilme, no governo do presidente João Figueiredo.

A esquerda sem dúvida evoluiu. Desistiu de tomar conta do mundo pelas armas e partiu para criar embaraços entre países, defendendo programas que torne o Estado mais forte e influente na economia. Além de usar nomes que possam passar por independentes. Outro novo personagem é o ex-juiz espanhol Balthazar Garzon, que circula pela América Latina, paparicando os regimes cercados de suspeições de toda ordem, como Equador e Argentina.

Krugman foi festejado, mês passado, em Lisboa, dando palestras e entrevistas em conflito com a política de austeridade que está sendo implantada no país em crise. Quando fala sobre questões que envolvem as ameaças do Irã, sua condição de judeu e americano valoriza suas opiniões em favor dos radicais. Assim também é quando aborda a confusão em que mergulharam os países livres de regimes ditatoriais condenáveis, mas que pelos anos de estabilidade estavam de certa maneira, como o Egito, servindo de segurança para a região em conflitos internos graves. Ocorre que, embora tenha nascido em lar israelita, o professor de Princeton é ateu.

Não quero tirar os méritos do economista, e muito menos o seu direito de ter opiniões e posições. Mas é importante que o público saiba que ser americano, do New York Times, não implica em não ter um alinhamento mais à esquerda.

*Aristóteles Drummond, jornalista, é vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

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