António Chimundo – Diário de Moçambique
“Não admitamos que as nossas crianças sejam sequestradas e violadas” — esta advertência foi feita por Páscoa Sumbana Ferrão, directora provincial da Mulher e da Acção Social de Tete, província que está, nos últimos dias, a ser “sacudida” por uma onda de raptos de menores de um e seis anos de idade. Só na cidade de Tete, registaram-se em pouco tempo quatro casos de rapto, tendo um se saldado em morte, provavelmente porque visasse a extracção de seus órgãos genitais. Este tipo de crime está a agravar-se e já causa uma inquietação generalizada.
Páscoa Sumbana fez a advertência quando reagia ao fenómeno, em entrevista ao “Diário de Moçambique”, com o propósito de se saber que medidas estão a ser tomadas para travar este tipo de violência contra crianças.
“Ultimamente, está sendo uma grande preocupação na nossa província, visto que as crianças estão a ser raptadas e violadas sexualmente, chegando a ocorrer casos de morte, principalmente nos bairros Samora Machel e Mateus Sansão Mutemba” — disse a directora provincial da Mulher e da Acção Social.
Quais as razões disso? —perguntámos. “Talvez por aqueles locais serem bairros de expansão, em que as casas estão isoladas umas das outras, o que facilita os criminosos de praticarem o sequestro”.
A nossa entrevistada disse ter-se reunido com os secretários dos bairros, para replicarem a sensibilização dos residentes, no sentido de serem vigilantes e não deixarem as crianças a dormirem sozinhas.
“Estamos a advertir aos residentes sobre a existência desses casos de rapto de crianças, para haver maior controlo e vigilância e tivemos o conhecimento de que, por causa do calor intenso que se faz sentir, grande parte das famílias dormem fora das casas, isto é, nos quintais, e assim os malfeitores aproveitam esse momento para fazer esse tipo de crime” — explicou.
Para a fonte do “DM”, a situação é complicada, porque as pessoas que raptam as crianças e posteriormente violam-nas são residentes daqueles bairros. Aproveitam-se desse facto para “caçarem” as suas vítimas, indefesas.
DETALHES
Segundo temos vindo a reportar nas nossas edições anteriores, em pouco tempo ocorreram quatro casos de rapto de menores, sendo três frustrados. O último registou-se no passado dia 9, estando detido, em conexão com o caso, Pedro Manuel João, de 23 anos de idade, natural e residente no bairro Mateus Sansão Mutemba, unidade comunal Chicolódue, exactamente onde raptou um bebé de um ano.
Contrariamente aos outros, este rapto frustrado aconteceu em plena luz do dia, justamente quando eram 14 horas, aproveitando-se o indiciado do descanso que gozavam os progenitores da vítima.
Outro caso de rapto frustrado registou-se no passado dia 5, pela madrugada, no bairro Samora Machel, tendo sido surpreendido em flagrante delito, com o bebé nas costas, o cidadão Piocok Manuel Carlos, de 22 anos de idade, o qual se introduziu no interior do quintal de uma residência e carregou uma menor de um ano e pôs-se a fugir.
No mesmo bairro, recentemente, uma menor de seis anos de idade foi morta após ter sido violada sexualmente. O crime foi responsabilizado a um grupo de homicidas, que se puseram ao fresco, depois de ter retirado os órgãos genitais da vítima.
O bebé que escapou do rapto e a menina de seis anos, morta, encontravam-se a dormir dentro das redes mosquiteiras. Tratando-se de os dois casos terem ocorrido no mesmo bairro e entre 23 e 1 hora, a Polícia deduz que Piocok Carlos faça parte do grupo de homicidas, segundo o porta-voz da corporação, na província de Tete, o subinspector Jaime Bazo.
A detenção dos supostos criminosos foi possível graças à denúncia popular às autoridades policiais, que se lançaram ao terreno, capturando-os, tendo depois sido encarcerados nas celas das Esquadras, para os trâmites legais.
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