TSF
O ex-Presidente confirmou que este ano, e pela primeira vez, não vai à sessão solene comemorativa da "Revolução dos Cravos", em solidariedade com a decisão da Associação 25 de Abril
«Vou fazer isto: ser solidário e não ir também às comemorações a que fui sempre», disse Mário Soares aos jornalistas em Ferreira do Alentejo, à margem de uma sessão de apresentação do seu mais recente livro "Um Político Assume-se - Ensaio Autobiográfico, Político e Ideológico".
Mário Soares explicou que decidiu não ir à sessão depois de hoje ter tomado conhecimento da decisão da Associação 25 de Abril de não participar na cerimónia.
«Eu, que já tinha sido convidado e já tinha até dito à senhora presidente [da Assembleia da República] que iria, disse: Eles têm toda a razão e, se é assim, eu sou solidário com eles», explicou.
«Sou solidário com os 'capitães de Abril'. Sou solidário com o 25 de Abril. Acho que o 25 de Abril foi uma grande revolução, pacífica, e acho que a política que se está a seguir é uma política contra, realmente, aquilo que é o espírito do 25 de Abril», disse Mário Soares.
Questionado pelos jornalistas sobre se a sua recusa em participar na sessão solene comemorativa da "Revolução dos Cravos" é um protesto contra a política do atual Governo, Mário respondeu: «Naturalmente».
«Estou solidário com os heróis do 25 de Abril. Eu assisti ao que foi o 25 de Abril e o 25 de Novembro. Foram duas revoluções que permitiram que Portugal fosse outra coisa. Portugal desenvolveu-se extraordinariamente e agora estamos [o Governo] a destruir no Estado, a Segurança Social, o Serviço Nacional de Saúde, tudo coisas que ajudámos a fazer», afirmou.
Questionado também sobre se o atual Governo PSD/CDS-PP está contra os princípios do 25 de Abril, o também fundador do PS respondeu: «Sinceramente, acho que a política que eles estão a seguir é essa».
«Estão a vender as joias da coroa, estão a vender tudo por qualquer preço, sem darem conta a ninguém do que estão a fazer. Eu [com] isso não estou de acordo», acrescentou.
Mário Soares disse ainda que os portugueses vão encarar a sua recusa em participar na sessão «como entenderem», frisando tratar-se de uma decisão que tomou «em consciência».
A Associação 25 de Abril não participará este ano, pela primeira vez, nos atos oficiais nacionais evocativos do 38º aniversário da Revolução dos Cravos por considerar que «a linha política seguida pelo atual poder político deixou de refletir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril, configurado na Constituição da República Portuguesa».
A decisão foi anunciada hoje, em Lisboa, pelo coronel Vasco Lourenço, presidente da associação, da qual fazem parte alguns dos chamados "capitães de Abril".
Também o ex-candidato presidencial Manuel Alegre afirmou hoje que, em solidariedade com a decisão da Associação 25 de Abril, também não irá à sessão solene comemorativa da Revolução dos Cravos na Assembleia da República, na quarta-feira.
O antigo Presidente da República Ramalho Eanes já fez saber que irá estar presente nas celebrações do 25 de Abril e o gabinete ex-Chefe de Estado Jorge Sampaio disse à TSF que este só não estará presente se tiver algum compromisso internacional.
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