Diário de Notícias, opinião - ontem, antes dos resultados eleitorais
As sondagens dão uma ligeira vantagem ao socialista François Hollande sobre o conservador Nicolas Sarkozy (28% das intenções de voto contra 26%) na primeira volta das presidenciais que hoje se realizam. Mas o verdadeiro duelo entre os dois favoritos começará a ser travado a partir de amanhã. E adivinha-se que nessa campanha para a segunda volta, marcada para 6 de maio, valerá tudo. Sobretudo da parte de Sarkozy, o Presidente cessante, que as previsões dão como provável derrotado dentro de 15 dias.
Ao todo são dez os nomes que concorrem ao Palácio do Eliseu, um leque de candidatos para todos os gostos, desde a extrema-direita, com Marine Le Pen, até aos ecologistas, com Eva Joly, passando por Jean-Luc Mélenchon, um ex-comunista apoiado pelos comunistas, e o centrista François Bayrou. Não é, porém, previsível que haja surpresas nesta primeira volta, mesmo com tanta dispersão dos votos. Ninguém imagina um cenário como o de 2002, quando a fragmentação do eleitorado de esquerda permitiu ao candidato da extrema-direita, Jean-Marie Le Pen (pai de Marine), passar à segunda volta contra o presidente Jacques Chirac. Mas será interessante ver quem fica com o último lugar no pódio: Marine ou Mélenchon?
A transferência de votos na segunda volta favorece em teoria Hollande. Sarkozy, contudo, está longe de se dar por vencido. É quase certo que tentará apresentar o rival como um refém do apoio dos ecologistas e dos comunistas. E fazer tudo para convencer os franceses que nestes cinco anos como Presidente teve o mérito de manter o país a salvo da crise internacional, com resultados entre os grandes da Europa só inferiores aos da Alemanha mas mantendo o Estado social. Os argumentos de Hollande são outros: um caminho menos centrado na austeridade e mais no crescimento económico, o que o leva a defender a revisão do pacto orçamental europeu. São duas personalidades em confronto, mas, mais do que isso, são duas visões de sociedade a submeterem-se a votos.
O desafio de Sarkozy
Diário de Notícias, opinião - hoje
Nicolas Sarkozy afirma partir para a segunda volta das presidenciais francesas com "toda a confiança", mas a verdade é que, apesar da diferença mínima ontem para o socialista François Hollande (dois a três pontos percentuais), todas as previsões continuam a dá-lo como derrotado na nova ida às urnas, agendada para 6 de maio. Uma sondagem divulgada logo depois de conhecidos os primeiros resultados da ronda inicial apontava para 54% contra 46% na segunda volta. E assim se entende a sua proposta para três debates com o rival, esforço derradeiro para convencer os indecisos e levar mesmo alguns eleitores a trocarem o candidato da esquerda pelo Presidente conservador.
O forte resultado de Marine Le Pen (entre 17 e 18%) traz complicações extras a Sarkozy, pois se mostra que a direita francesa no seu todo vale cerca de 45%, põe o Presidente candidato perante um complicado dilema: procurar endurecer o discurso para cativar o eleitorado da extrema-direita ou concentrar-se antes nos centristas, aqueles que votaram em François Bayrou nesta primeira volta?
Para já, julga-se que 48% dos eleitores de Le Pen apoiarão Sarkozy, enquanto 31% preferirão Hollande. Quanto aos de Bayrou, pouco mais de um terço para Hollande, um terço para Sarkozy e os restantes estão indecisos. Sólidos com o socialista estão os votantes em Jean-Luc Mélenchon (83% dizem que elegerão Hollande dia 6).
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