FP (ATF/PSP) - Lusa
Bissau, 13 abr (Lusa) - A representação da União Europeia em Bissau diz que a situação "é calma" na zona das embaixadas na tarde de hoje na capital guineense mas admitiu que a Itália se prepara para retirar os seus cidadãos.
Em declarações à Agência Lusa, o adido para os Assuntos Políticos da delegação da União Europeia, Piero Valabrega, disse que a delegação está em permanente contacto com Bruxelas e que a situação é calma na zona das embaixadas em Bissau, onde há pouca circulação.
A embaixada de Itália no Senegal acionou um sistema de informação de crise e admite a possibilidade de retirar todos os cidadãos italianos no país, disse o responsável.
Questionado pela Agência Lusa sobre a presença de dirigentes políticos guineenses na sede da União Europeia, Valabrega disse não ter informações sobre o assunto.
A 21 de março, poucos dias após o assassínio do ex-responsável da secreta militar Samba Djaló, o ex-chefe das Forças Armadas guineense Zamora Induta refugiou-se na delegação da União Europeia, onde ainda permanece.
Também em Portugal a situação dos cidadãos nacionais na Guiné-Bissau foi hoje apontada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas: "Temos em especial atenção a necessidade de acorrer a situações difíceis para termos uma resposta adequada para a defesa dos cidadãos nacionais", disse Paulo Portas na Comissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia da República que teve como único tema a situação da Guiné-Bissau.
Por outro lado, a Força de Reação Imediata (FRI) das Forças Armadas portuguesas está a elevar o seu nível de prontidão devido ao agravamento da situação na Guiné-Bissau, disseram à agência Lusa fontes militares.
Segundo as fontes, forças especiais, paraquedistas e fuzileiros receberam ordens nas últimas horas para aumentar a velocidade de resposta para "acautelar" qualquer eventualidade.
Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.
A ação foi justificada hoje, em comunicado, por um autodenominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, como visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino e do Governo.
A mulher de Carlos Gomes Júnior disse hoje que ele foi levado por militares na noite do ataque e encontra-se em parte incerta, bem como o Presidente interino, Raimundo Pereira.
Os acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antecederam o início da campanha eleitoral das presidenciais de 29 de abril, mereceram a condenação da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal, que exortou os autores do "golpe militar" a libertar os políticos detidos.
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