Lusa
Bissau, 19 abr (Lusa) - O Comando Militar que tomou o poder na Guiné-Bissau diz que o Governo de transição será mais técnico e menos político e aberto ao maior partido (PAIGC), para "arrumar o país" em dois anos, a começar pelas Forças Armadas.
Em entrevista à Lusa em Bissau, Daba Na Walna, porta-voz do Comando Militar das Forças Armadas, diz que vai propor os nomes dos vice-presidentes da Assembleia Nacional Popular (Serifo Nhamadjo e Sori Djaló) para cargos de condução do governo de transição, após o golpe de Estado 12 de abril, e justifica o motivo para dois anos de transição com uma questão de disciplina nas forças armadas.
Faz também um balanço do estado das Forças Armadas da Guiné-Bissau, lamenta situações de pânico e admite que tenham havido excessos dos militares, quando do golpe, nomeadamente o roubo de bens pessoais de políticos guineenses. "Ouvi falar (das pilhagens), é natural que numa situação destas e com as Forças Armadas que temos, que não têm disciplina militar - eu costumo dizer, isto aqui é um 'bando armado' - é um perigo com que estamos a lidar, tem de haver regulamento da disciplina militar. É por isso que pedimos uma transição de dois anos, para que se faça o trabalho de casa", diz.
Serifo Nhamadjo será o Presidente da República interino
Bissau, 19 abr (Lusa) -- Serifo Nhamadjo, vice-presidente do parlamento até ao golpe de Estado de 12 de abril, será o futuro Presidente da República interino da Guiné-Bissau e Sori Djaló o presidente do Conselho Nacional de Transição, disse à Lusa fonte partidária.
Daba Na Wana, porta-voz do Comando Militar que tomou o poder na Guiné-Bissau na semana passada, já tinha dito hoje à Lusa que enviou a proposta da nomeação daqueles dois ex-vice-presidentes da Assembleia Nacional Popular aos partidos políticos que formam o Conselho nacional de Transição.
Serifo Nhamadjo, do PAIGC (maior partido do país e no poder até há uma semana), concorreu as eleições presidenciais à revelia do partido e ficou em terceiro lugar na primeira volta de 18 de março com 15 por cento dos votos.
Após terem sido conhecidos os resultados eleitorais, com outros quatro candidatos derrotados, incluindo Kumba Ialá (presidente do PRS) que ficou em segundo lugar, contestou o escrutínio alegando fraude eleitoral.
Sori Djaló era também vice-presidente da Assembleia Nacional Popular e destacado líder do PRS, maior força da oposição na Guiné-Bissau.
Nas frequentes ausências de Kumba Ialá, era ele que conduzia os destinos do partido.
FP.
Nome do primeiro-ministro "em breve", dizem partidos políticos
Bissau, 19 abr (Lusa) - Os partidos políticos que estão a negociar com o Comando Militar, que realizou há uma semana um golpe de Estado na Guiné-Bissau, prometeram hoje "para breve" a divulgação do nome do primeiro-ministro e a posse do Presidente interino.
Manuel Serifo Nhamadjo e Ibraima Sory Djaló foram anunciados pelos partidos (a maioria sem assento parlamentar e sem que do grupo faça parte o PAIGC, o maior partido, que estava no poder) como o Presidente da República e o Presidente do Conselho Nacional de Transição.
O anúncio oficial foi feito esta noite em Bissau por Fernando Vaz, porta-voz dos partidos, que disse que a posse ainda não está marcada e disse que os dois políticos aceitaram o convite.
O Presidente interino Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior depostos pelos golpistas a 12 de abril encontram-se detidos em parte incerta.
FP.
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