Fátima Valente, da Agência Lusa
Macau, China, 03 abr (Lusa) - Rui Veloso, Mariza, Os Anjos, Adriana Calcanhoto, Eugénio de Andrade e José Régio foram alguns dos nomes que passaram hoje por Macau, na voz dos alunos que deram vida a mais um Dia da Língua Portuguesa da Universidade de Macau.
"Hoje é um dia especial para nós. É um dia para tirarmos da garganta um pássaro para cantar nesta língua. É um dia para declamarmos nesta língua os versos onde habitam navegação, naufrágio, saudade, ternura, alegria ou dor e sofrimento", avisou na abertura o diretor interino do Departamento de Português, Yao Jing Ming.
A gastronomia também não faltou nas palavras, num sarau marcado pela multiculturalidade. "É um dia para sorvermos um copo de tinto português ou de cachaça brasileira, para sentir o sol alentejano ou o calor baiano", atirou Yao Jing Ming, não resistindo a declamar "Na minha Pátria", um poema da sua autoria.
Os alunos seguiram-lhe as pisadas e, numa lista extensa de participantes, desdobraram-se em atividades, entre a música, dança, poesia e teatro.
A participar na festa pelo segundo ano consecutivo, e ansiosa por "mostrar" o que aprendeu, Cristiana Soares foi a primeira a pisar o palco com uma interpretação sentida de "Meu fado meu" de Mariza.
Nascida em Macau e com uma vivência de oito anos na vizinha China Continental - em Zhuhai - a aluna de 20 anos ilustra a origem da maior parte dos alunos de português da sua universidade, não fosse a mãe ser americana e o pai português.
O interesse pela língua de Camões tem também vindo a crescer no interior da China, a ver pelo número de alunos que todos os anos preenchem as vagas da licenciatura.
Exemplos desse núcleo, Viviana e Margarida Lei, assinalaram o dia com a peça de teatro "Férias na praia". "É um texto original e muito divertido", afirmou Viviana, ao lembrar a animação dos preparativos e ensaios.
Ainda sob a adrenalina da atuação, é difícil a Cristiana Soares falar de futuro profissional, apesar da noção clara de que "quem sabe falar chinês e português pode procurar um bom trabalho no governo em Macau ou em países como o Brasil e Angola".
As decisões profissionais, essas só "lá para o quarto ano". Antes disso, a aluna latino-americana segue para um intercâmbio escolar na Universidade de Coimbra no próximo semestre, e ainda quer viajar pelo Brasil e África, já que sempre se interessou pelos países lusófonos.
Também Margarida, cujo gosto pela cultura europeia a levou a estudar português, não está muito preocupada com um trabalho na língua que considera "muito interessante".
"Quando acabar o meu curso, talvez vá trabalhar como tradutora, mas agora não tenho muita certeza", disse, para já mais interessada nas atuações dos colegas.
A UMAC tem mais de 1.600 alunos de português. A maioria estuda a língua de Camões enquanto disciplina de opção nos cursos que frequenta, além dos cerca de 200 da licenciatura de Estudos Portugueses, 30 de mestrado e seis de doutoramento.
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