Jornal de Notícias
Militares do exército norte-americano posaram com restos mortais de um bombista suicida e de outros cadáveres ligados a conflitos no Afeganistão, durante uma missão no país, em 2010. Agora, um dos soldados entregou ao jornal "LA Times", 18 fotografias dos militares, numa sequência de imagens macabras.
Foram publicadas, esta quarta-feira, 18 fotografias protagonizadas por militares do exército norte-americano em poses macabras com restos mortais de combatentes afegãos. As imagens, captadas na província de Zabul, foram entregues ao jornal "LA Times" com pedido de anonimato, por um soldado da mesma unidade dos militares envolvidos.
Inicialmente, os militares da 82ª divisão aerotransportada foram destacados para confirmar os relatos da polícia afegã, que dizia ter encontrado vários cadáveres e restos mortais resultantes de um ataque de um bombista suicida. Numa fase posterior, a tarefa englobou também a identificação dos corpos através da recolha de impressões digitais e imagens da retina ocular.
Após terem chegado à esquadra da polícia da província de Zabul e terem procedido à missão que lhes foi destinada, os soldados decidiram posar com os restos mortais. As fotografias, agora publicadas, mostram as tropas a pegarem nas pernas de um corpo desmembrado e a numa mão, levantando o dedo do meio.
O soldado responsável pela divulgação das imagens afirma haver uma rutura na cadeia do comando militar, que pode pôr em risco as tropas norte-americanas.
Para o militar, a publicação das fotografias é um alerta para as falhas de segurança que já existiam no ano em que esteve no Afeganistão, onde se registaram pelo menos 23 mortos, fruto de ataques de bombistas suicidas.
Nesse mesmo ano, morreram também dez pessoas após dois ataques às bases do 1.º Batalhão do 508.º Regimento da Infantaria de Pára-quedistas, o pelotão do qual faziam parte os soldados envolvidos nas imagens.
"Violação dos valores do exército"
No seguimento da publicação das fotografias, George Wright, porta-voz do exército norte-americano, afirma que "as acções destes militares não correspondem ao que se espera de quem usa um uniforme " e são "uma clara violação dos valores do exército".
De acordo com a tenente-coronel Margaret Kageleiry, o exército já iniciou uma investigação e irá tomar "as medidas necessárias" contra os militares que protagonizaram as fotografias, também já identificados.
A polémica associada a estas imagens pode aumentar a tensão que tem emergido entre os Estados Unidos da América e o Afeganistão, devido a várias situações de conduta duvidosa.
Em Janeiro passado, um vídeo mostrou quatro soldados da marinha norte-americana a urinar em cima de cadáveres afegãos. Mais tarde, em Fevereiro, a inesperada queima de várias cópias do Corão numa base do exército, despoletou uma série de conflitos levando a mais de 30 fatalidades.
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