quinta-feira, 26 de abril de 2012

O FATOR MEDO CONDICIONA




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Em crónica publicada no Jornal de Notícias, Manuel António Pina diz, a propósito de Miguel Portas, que “morreu um homem justo”. Tem toda a razão.

“(…) Num momento em que o país mais precisa de homens lúcidos e livres, um desaparecimento que justificaria que se dissesse que ficámos, se possível, ainda mais pobres, não se tivesse tornado tal expressão um cliché fruste sem réstia de literalidade”, escreve Manuel António Pina.

Quando fala de “um homem justo”, estaria Manuel António Pina a pensar no que Miguel Portas disse ao Correio da Manhã em Fevereiro de 2009? E o que ele disse foi: "Estou preocupado com este despedimento colectivo (Jornal de Notícias) porque é um dos principais jornais do País e que dá importância à pequena informação local, sobretudo a norte"?

Quando fala de “um homem justo”, estaria Manuel António Pina a pensar que foi Miguel Portas quem disse que os despedimentos na comunicação social "põem em causa a pluralidade da informação e fomentam a precariedade"?

Quando fala de “um homem justo”, estaria Manuel António Pina a pensar que foi Miguel Portas quem disse que "quando um grande grupo de comunicação social, como é a Controlinveste, despede centenas de trabalhadores, gera o factor medo nos outros que ficam condicionados, com receio de serem também despedidos"?

Fica a dúvida e a certeza de que há dúvidas que não se escrevem, sobretudo quando envolvem os que põem lagosta em pratos que outrora só tinham sardinhas…

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: OBRIGADO MIGUEL PORTAS

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