quinta-feira, 26 de abril de 2012

O MINISTRO DA “DEFESA” QUE VÁ À MERDA!



António Veríssimo

Critica este ministro, este ministro temporário (de curto tempo que já vai longo), de uma “mão cheia” de personalidades terem limpo o traseiro aos convites de presença nas cerimónias que ele (ou outros) tiveram por bem destinar em comemoração do 25 de Abril de 1974. Também fui convidado, não achei que devesse aceitar o convite mas contactei vários camaradas também convidados. De que quase todos ouvi a mesma resposta: “Não vou, o ministro que vá à merda!” Só estou a ser publicamente mensageiro. Acho que devo e que o ministro merece essa minha atenção, para não ficar votado à ignorância. Pobrezito.

Dou-lhes razão, obviamente. Não digo que mande o ministro à merda, não, isso seria uma falta de respeito. Mas o coletivo é para onde o manda e eu estou integrado desde há muitas dezenas de anos no coletivo. Provavelmente ainda o ministro não era ovulus fecundis duma ejaculação paterna. Era nada, quase pronto para cair na sanita ou no bidé. Como quando sair do poder será nada. Só fazem trampa e querem o quê? Cobertura? Piegas, está a ser piegas mas arrogante. Já não estamos com idade nem em circunstâncias de brincarmos, nem de brincarem connosco! Por isso somos ex-combatentes dispostos a combater… se houver razões para que tal aconteça.

Comemorações oficiais
Ministro da Defesa critica “mão cheia de personalidades” ausentes do 25 de Abril


O ministro da Defesa criticou nesta quinta-feira a ausência de “uma mão cheia de personalidades” nas celebrações oficiais do 25 de Abril e optou por assinalar os que compareceram e “que sabem que as Primaveras podem ter heróis mas só têm um dono, os portugueses”.

“Ontem [quarta-feira], uma mão cheia de personalidades faltou às celebrações do 25 de Abril no Parlamento, na casa mãe do regime democrático, no espaço onde por excelência o povo se faz representar e se expressa a sua vontade. Mas ontem [quarta-feira], uma centena de outras personalidades esteve presente nessas mesmas celebrações”, afirmou José Pedro Aguiar-Branco, na sessão de encerramento do seminário internacional “As Revoltas Árabes e a Democracia no Mundo”, que decorreu no Instituto da Defesa Nacional (IDN), em Lisboa.

“Repito a minha ideia. Entre a mão cheia que faltou às cerimónias de ontem e as centenas que estiveram presentes assinalo os que estiveram presentes”, reafirmou o ministro da Defesa, que enalteceu a iniciativa do IDN e elogiou o seu director, general Vítor Rodrigues Viana, que também participou na sessão final.

A Associação 25 de Abril decidiu este ano não comparecer às cerimónias oficiais comemorativas da Revolução dos Cravos, decisão que levou o ex-Presidente da República Mário Soares e o ex-candidato presidencial Manuel Alegre a faltarem também à sessão solene do Parlamento.

Em declarações à Lusa antes do início da sessão, o ministro tinha já considerado que “em democracia cada um é responsável pelos seus actos”, dizendo que têm de ser respeitados. Numa referência à situação política no país, Aguiar-Branco destacou diversas dicotomias na sociedade portuguesa. “Nas manifestações, entre as centenas que protestam contra as medidas que tomamos e os milhares que se comprometem para que o país possa sair da crise, assinalo os que se comprometem”, sublinhou. “Nas greves gerais, entre os milhares que aderem à greve e os milhões que vão trabalhar, assinalo os que vão trabalhar”, insistiu.

O ministro não deixou de considerar que a discordância “é legítima e é até salutar” em democracia, e que a sua expressão é mesmo “exigível”, por significar “participação e responsabilidade pelo nosso devir comum”. Mas sustentou que “o respeito pelas decisões das maiorias é inquestionável”, sem deixar de reprovar numa passagem da intervenção o que designou por “vanguarda, ungidos de um especial direito de poder retirar ao povo” a sua arma mais forte, “o direito prático do voto”. E precisou a sua mensagem: “Não quero com isto falar de maiorias silenciosas. Até porque acredito que a maioria não está silenciosa. A maioria simplesmente está a trabalhar”.

*Original publicado em Página Lusófona, blogue do autor

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