sábado, 7 de abril de 2012

Patrice Trovoada e o zum, zum, zum… de São Tomé e Príncipe




Abel Veiga - Téla Nón (stp)

Na última jornada de reflexão do seu partido ADI, na capital do distrito de Mé-Zochi, Trindade, de forma espontânea o Primeiro-ministro Patrice Trovoada, decidiu tecer considerações a respeito de uma alegada ajuda financeira, que terá chegado ao país e que ele teria recusado.

Na jornada em que o ADI, debateu as estratégias para o desenvolvimento sócio económico de São Tomé e Príncipe, a questão do financiamento à economia nacional, tinha que estar na agenda do debate, ou então, da conversa entre os militantes do partido com a sua direcção.

A dado momento da sua intervenção, o Presidente da ADI e Primeiro-ministro, revelou ao público o teor de rumores que chegaram aos seus ouvidos. «Oiço aí um zum, zum, que quando se traz dinheiro para o Governo, o Governo diz que não quer. O Governo é responsável. Se temos que pedir dinheiro emprestado, temos que saber o que vamos fazer. Dinheiro emprestado não é para comprar carro, não é para viajar para cima e para baixo, não é para comprar mobília, e quando se deixa de ser ministro levar a mobília para casa. Eu vi facturas que o Estado tem que pagar de roupa de cama. Ah, ah, eu tenho cama no meu gabinete?», interrogou.

O zum, zum que Patrice Trovoada divulgou na reunião do seu partido na cidade da Trindade, tem circulado um pouco por São Tomé. Os rumores indicam que um país amigo de São Tomé e Príncipe, terá disponibilizado importante verba para financiar projectos de desenvolvimento, mas que o Chefe do Governo, disse que só aceita cerca de 10% do montante amigavelmente disponibilizado pelo país que é parceiro tradicional de São Tomé e Príncipe. «Suponhamos que eu vou pedir 100 milhões. Se alguém me der 200 ou 300 milhões, eu digo não. 100 milhões chegam. Eu tenho que saber o que vou fazer com dinheiro», acrescentou Patrice Trovoada na sua intervenção na cidade da Trindade.

Ao longo da sua intervenção sobre a política de financiamento da economia são-tomense, Patrice Trovoada destacou o investimento privado estrangeiro, como a melhor via para relançar os sectores da agricultura, turismo e pescas. Por isso fez questão de sublinhar o acordo que o seu governo assinou com a empresa SATOCAO para reabilitação da produção do cacau.

Outros acordos para investimento privado directo, foram recentemente anunciados pelo Governo. Com a empresa Russa Gunvor para construção do porto petrolífero na roça Espraínha na ordem de 200 milhões de dólares. Por outro lado veio também ao público acordo entre o Governo e uma empresa do Kosovo, avaliado em 800 milhões de dólares, para alimentar negócios de produtos petrolíferos etc. «Pessoas de má fé, vêm com xenofobia criticar estrangeiros, dizer que estamos a vender o país. Isso tudo é para ver se o pais não avança e ver se o povo revolta contra o Governo, e verem se regressam ao poder», reclamou, o Primeiro Ministro.

O Chefe do Governo disse na cidade da Trindade que o desenvolvimento não vai acontecer em São Tomé e Príncipe, enquanto acontecerem situações como essas que descreveu. «Não vai acontecer quando o Governo assina compromissos e as pessoas estão aqui a lançar panfletos ou na internet, a caluniar sem razão sustentável. Não vai acontecer enquanto a Justiça não quiser fazer inspecção e auditoria para sabermos aquilo que não está bem e corrigirmos o sistema de Justiça», frisou.

Com o mandato do seu governo já a meio, Patrice Trovoada disse aos militantes da ADI que «alguma coisa nós fizemos, e dentro de alguns meses poderemos fazer mais», pontuou sem dizer o que o executivo já fez, e o que fará nos próximos meses.

Ao mesmo tempo o Chefe do Governo e Presidente da ADI, reconheceu que o tempo do mandato governamental de 4 anos, é muito pouco para dar resposta às antigas e novas promessas feitas ao país. «Em 4 anos o que é que podemos fazer no primeiro ano. No primeiro ano temos que descobrir as coisas. Temos que organizar, reformar e saber com quem estamos a trabalhar. Tudo isso demora no mínimo 1 ano», explicou.

Segundo Patrice Trovoada o segundo ano de mandato, também não permite realizar grande coisa. «Temos que fazer estudos, assinar contratos e procurar financiamentos. Isso demora mais um ano ou um ano e meio. E depois temos que lançar as obras que demoram 2 à 3 anos para serem realizadas», sublinhou.

Pelas contas do Chefe do Governo são-tomense, os 3 primeiros anos de mandato se esgotam em estudos. No entanto no quarto e último ano, pouco ou nada é realizado, porque o país estará concentrado na campanha política para as legislativas.

As declarações de Patrice Trovoada, na Trindade deixaram entender que os novos e grandes projectos anunciados recentemente pelo Governo, só poderão ser executados no próximo mandato de 4 anos.

Com o tempo para dar resposta às promessas a esgotar-se, o Chefe do Governo, desafiou os são-tomenses para o trabalho. «Trabalho, trabalho, trabalho e mais trabalho, caso contrário não chegaremos ao fim da caminhada. Sabemos onde é que o país está, e toda gente chora e com razão», concluiu.

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