sábado, 7 de abril de 2012

Governo "apertou muito mais o cerco" aos artistas após manifestações -- "rapper" Carbono



SBR - Lusa

Lisboa, 07 abr (Lusa) -- O número de músicos de intervenção em Angola está a diminuir, até porque "o governo apertou muito mais o cerco" aos artistas desde que começaram as manifestações populares, diz o "rapper" angolano Carbono Casimiro.

"Já se fez muito mais música de intervenção anteriormente, sobretudo numa era em que era muito mais difícil ter uma opinião contrária à da maioria", compara o músico angolano de 29 anos.

"O Governo apertou muito mais o cerco, principalmente depois dos levantamentos populares" que começaram há um ano, relata, acrescentando que, na sequência disso, muitos músicos "deixaram de abordar temas sociais" e passaram a integrar o "mainstream".

Para além de haver "poucos músicos de intervenção", há também "poucos espaços para apresentação destas músicas". De qualquer forma, assinala o "rapper", para "fazer música" não é preciso muito.

"O problema está na divulgação", destaca, lembrando "o controlo" do Governo sobre os meios de comunicação social. "Essas músicas não passam na rádio", exemplifica.

Em Angola "consome-se muita música", mas "as pessoas ouvem muito mais música pelo ritmo do que pela mensagem". No entanto as chamadas músicas de intervenção são "comuns num certo meio, nos candongueiros [transportes públicos], nos mercados, nas praças públicas, onde cada um ouve o que quer", destaca.

Carbono Casimiro vive em Luanda e o seu perfil na rede social Facebook tem como imagem de mural a frase "32+1 é muito", numa alusão aos anos de manutenção do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no poder.

Ligado à produtora CCC Entertainment, Carbono identifica-se ideologicamente como "revoluntário" e tem como citação favorita: "Melhor que amaldiçoar a escuridão é acendermos uma vela".

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