quarta-feira, 25 de abril de 2012

PCP acusa PSD, CDS e PS de "fraude", BE fala em ataque "baixo" aos valores da revolução



Jornal de Notícias

O PCP acusou esta quarta-feira a maioria PSD/CDS, mas também o PS, de "fraude" ao subscreverem o acordo com a 'troika', enquanto o BE acusou o Governo de fazer "o ataque mais baixo" ao 25 de Abril.

Estas posições foram assumidas na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, aproveitada pelas bancadas da oposição para fazerem críticas ao executivo PSD/CDS.

Por parte do PCP, Agostinho Lopes sustentou que o acordo assinado por Portugal com a 'troika' (subscrito por PS, PSD e CDS) "representa um ajuste de contas com Abril" e rejeitou a tese de que a recuperação da soberania económica passe pelo saneamento das contas públicas.

"É uma fraude política e uma blasfémia política. É como se o caminho para resistir a Castela em 1383/1385 passasse por fugir a Aljubarrota; como se o caminho para afirmar a independência nacional em 1580 passasse pela aceitação do jugo filipino; como se o caminho em 1808 fosse a fuga para o Brasil e a colaboração com os ocupantes e não a resistência às invasões napoleónicas", declarou Agostinho Lopes.

Agostinho Lopes fez também uma alusão indireta à controvérsia em torno das presenças na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República.

"Permitam que saúde a festa de Abril nesta Assembleia da República, que não poderá deixar de ser, como são hoje as ruas e praças de Portugal, uma casa de Abril", vincou, recebendo palmas da bancada comunista.

Pelo Bloco de Esquerda, Cecília Honório considerou que a democracia "está doente", sendo hoje "oligárquica" ao garantir "poderes e privilégios a uma minoria".

"Há nove anos, não nos esquecemos, uma outra maioria de direita (Governo PSD/CDS de Durão Barroso) quis sanear o R do nome da revolução; agora a nova maioria de direita quer apagar mais do que uma letra, quer impor uma vertiginosa engenharia social que saneie a responsabilidade social do Estado. O incómodo da maioria, forjada na desforra ideológica contra o trabalho e contra a solidariedade, dispensa agora todos os disfarces", declarou Cecília Honório, numa intervenção em que também acusou o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, de "rasgar o contrato social",

"A ideologia da direita, que procura colonizar o senso comum afirmando que os pobres, os doentes e os desempregados são um fardo social, ou mesmo que são um pesadelo económico porque não são um mercado, é o mais baixo ataque ao 25 de Abril e à nossa democracia", apontou a deputada do Bloco de Esquerda.

O primeiro discurso da sessão solene na Assembleia da República, a cargo do deputado ecologista José Luís Ferreira, foi também marcado por acusações ao atual Governo por "não cumprir a Constituição" e se ter "desviado" dos ideais de Abril.

"Para além da imoralidade fiscal instalada, temos ainda de somar negócios que os governos têm vindo a fazer. Falamos da delapidação do nosso património coletivo, através das privatizações, mas também dos direitos especiais que o Estado detinha em empresas estratégicas, que o Governo entregou de mão beijada, sem nada receber", apontou o deputado do Partido Ecologista "Os Verdes".

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