Martinho Júnior, Luanda
O grupo BILDERBER, particularmente depois do 25 de Abril de 1974, nunca perdeu de vista Portugal: os elitistas mentores desse grupo, avaliaram que Portugal podia constituir uma das plataformas europeias capazes de desempenhar projecções para outras partes do mundo a partir de laços históricos e sócio-culturais acumulados ao longo de séculos, com maior dificuldade em termos de acessibilidade para outros, pelo que se o país pouco valor tinha em si para os mentores do elitismo global com tendência uni polar, tornava-se importante com a dimensão dessa projecção em especial na direcção de África, da América Latina, da Ásia e da própria Europa, uma “catapulta” a não desprezar!...
Portugal membro fundador da NATO apesar do fascismo, manifestou-se sempre como “euro-atlantista”, em função da disponibilidade dos Açores a favor dos aliados, o que foi sensível quer durante a IIª Guerra Mundial, quer em outras crises que desde então foram eclodindo em várias partes do mundo, particularmente no Médio Oriente.
Os Açores prenderam Portugal à concepção “Euro Atlântica” a concepção que é fluente na própria essência do BILDERBERG!
O BILDERBERG reúne anualmente personalidades dos dois lados do Atlântico, Estados Unidos e Europa, pelo que se coloca no eixo das influências dos “think tanks” elitistas, se tivermos em conta a emergência capitalista até à fase da construção do império nos termos actuais da globalização, segundo os pontos da vista da hegemonia unipolar, de cultura eminentemente anglo-saxónica
Precisamente por causa disso, se tornou possível àqueles que estiveram disponíveis para os processos considerados mais sensíveis não só nos espaços geográficos do norte Euro Atlântico, mas em direcção a outras partes do mundo, serem “repescados” para a influência do Club e tornarem-se expoentes de políticas afins, de conveniência e espelhando os interesses da aristocracia financeira mundial, em especial onde houver “emergência”, mesmo aquela “emergência” à primeira vista contraditória aos expedientes da hegemonia unipolar!
Durão Barroso é um dos personagens “iluminados” que provavelmente foram “repescados” não tanto pelo valor das suas concepções e obras ao nível interno de Portugal, mas sobretudo pelo seu papel no valor dos relacionamentos que Portugal com ele estabeleceu, quer em relação ao alinhamento Bush – Blair – Aznar nos Açores, quer particularmente no quadro das difíceis conversações de paz para Angola, numa época em que desaparecia do mapa o socialismo (salvo o que se expressava por via da resistente revolução Cubana) e se produziu por vi neo liberal a ditadura do império capitalista e enfeudado à aristocracia financeira mundial!
Não foi de estranhar pois a sua trajectória, exposta numa entrevista dum estudioso do BILDERBERG, Daniel Estulin, ao “Semanário”, a 12 de Janeiro de 2006 (http://portugalglobal.blogspot.com/2011/05/os-portugueses-do-club-bilderberg_29.html):
“Quais os portugueses que participaram na reunião de Bilderberg de Stresa, em 2004?
Francisco Pinto Balsemão, Pedro Santana Lopes, José Sócrates. A lista de participantes portugueses ao longo dos anos é bastante extensa, se considerarmos o tamanho do país.
Nessa reunião, face ao poderio e influência de Bilderberg e ao facto de ser um clube predominantemente europeu e americano, alguém defendeu Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia?
Recordo--lhe que Durão foi escolhido para a Comissão dias depois da reunião de Bilderberg.
Torna-se importante compreender que é irrelevante quem ocupa a cadeira de presidente da Comissão Europeia.
Durão Barroso representa os interesses do governo mundial.
Tanto Kissinger como Rockefeller apoiaram energicamente a candidatura de Durão Barroso para aquele posto.
Barroso também foi amplamente apoiado pelos bilderbergers americanos em Stresa, por este ter apoiado a intervenção americana no Iraque.
No entanto, Durão foi resguardado.
Recorda-se da tão criticada cimeira dos Açores, justamente antes da Guerra do Iraque?
O consenso na altura foi no sentido de não considerar Durão Barroso um verdadeiro participante na cimeira.
Agora, começa tudo a fazer sentido.
Ele foi afastado para tornar a sua nomeação para a Comissão Europeia mais apelativa.
Desta forma, ele não fica ligado ao fiasco iraquiano.
Outro dos apoiantes de Barroso foi John Edwards, candidato a vice-presidente dos EUA, com John Kerry, que também esteve presente nas reuniões de Bilderberg.
Como nota de referência, tenho relatórios de várias fontes internas da reunião de Bilderberg que referem a fraca capacidade oral e a fraca personalidade de Barroso.
Decidiu-se mesmo limitar as suas aparições em público ao mínimo.
Kissinger, um membro permanente de Bilderberg, chegou ao ponto de o chamar, off the record, indiscutivelmente o pior primeiro ministro na recente história política. Mas será o nosso homem na Europa”.
É ainda “o nosso homem na Europa” que perante a crise na Guiné Bissau, uma crise que está a despertar para o papel de Angola pelo menos nas regiões da África do Oeste e do Sudão, veio a correr a Luanda, oficialmente preocupado nos relacionamentos da União Europeia com Angola (“Durão Barroso em Luanda para reforço da cooperação” – http://www.radioecclesia.org/index.php?option=com_content&view=article&id=4722:durao-barroso-pode-reforcar-lacos-de-cooperacao-entre-angola-e-a-europa&catid=118:politica&Itemid=478), mas pessoalmente manifestar o seu apoio num quadro de relacionamento que se aproxima dos interesses e valores elitistas e se afasta dos interesses e valores entre os povos (“Durão Barroso reafirma que UE não vai reconhecer regime saído do golpe militar” – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/durao-barroso-reafirma-que-ue-nao-vai.html).
Também aqui a hipotética “harmonia” é de subsistência duvidosa:
Até que ponto os interesses ocidentais em África, com ou sem BILDERBERG, alguma vez se aproximam do interesse dos povos africanos na sua luta contra o subdesenvolvimento crónico em que a história os deixou?
Alterou substancialmente a Europa, tendo em conta os exemplos da Líbia, do Sudão, da Somália, do Mali, da Costa do Marfim, da Guiné Conacry, da Guiné Bissau, os seus pontos de vista em relação a África?
Alterou o império (Estados Unidos e Europa), a lógica capitalista que serve de esteio ao domínio dos poderosos, sobretudo os financeiramente poderosos?
A via elitista, começa a conduzir Angola para “procurações” que lhe são historicamente “contra natura” e, quando me refiro à necessidade de Angola rever o seu papel em África, voltando-se sobretudo para si própria e para a região SADC, é evidente que coloco uma questão que é fulcral para o crescimento em curso, para a sua “emergência”: qual o preço que o povo angolano tem de pagar pelo eclipse da lógica com sentido de vida e que paz afinal está a ser erguida, com bastante labor é certo, com ainda tantos sacrifícios consentidos e com tanta paciência, dez anos depois do calar das armas?
Insisto que a paz não pode ser apenas o calar das armas, nem uma “emergência” cujo crescimento só está a ser possível por que persegue uma via elitista, aproveitando o espectro favorável da conjuntura dos relacionamentos Estados Unidos – União Europeia – Portugal – Angola, uma conjuntura de bancos e interesses alguns deles tentáculos do BILDERBERG, um processo que resulta frágil e vulnerável quando confrontado até com o processo “Françafrique” (que também tem outros vínculos, inclusive no que diz respeito a tentáculos do BILDERBERG via França e Bélgica), que é um processo histórico de neo colonialismo com uma marca impressiva desde as independências africanas, de há 50 anos a esta parte e agora se abre às tendências expressas pela hegemonia unipolar no âmbito da própria globalização!
A paz só o será quando se encontrarem amplas soluções de equilíbrio e consenso, de integração e não de exclusão, quando se aprofundar o diálogo, quando a cidadania se assumir com outra substância e visibilidade, quando a participação ganhar espaço à representação, quando a justiça social pesar no conteúdo dos próprios estados e nos seus relacionamentos, a começar no relacionamento com os próprios povos, por mais marginalizadas que estejam ainda algumas das suas comunidades.
O movimento de libertação e a sua via com sentido de vida, merecem a oportunidade humanística em relação aos povos de África, na luta contra o subdesenvolvimento crónico que todos eles, sem excepção, têm de travar para fazer face a um contencioso histórico que não só reflecte as sequelas do passado, mas também reflecte o carácter elitista e pernicioso do BILDERBERG ao sabor das correntes neo coloniais que impactam África!
Refiro-me na generalidade, como me refiro ao que está a acontecer na Europa, em África, em Portugal, em Angola e, por tabela, no “fim da picada”: a Guiné Bissau!...
Foto: Durão Barroso na sua última visita a Luanda, indicando o pior dos caminhos!
A CONSULTAR:
- A VERDADEIRA HISTÓRIA DO CLUBE BILDERBERG – Daniel Estulin – http://pt.scribd.com/doc/11660972/Daniel-Estulin-A-Verdadeira-Historia-do-Clube-BILDERBERG; https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxjcmFiYXN0b3NicmFzaWx8Z3g6NmM4NDQ1MDY4YjA2MGU2Mg
- CLUB BILDERBERG – OS SENHORES DO MUNDO – http://macua.blogs.com/files/senhores-do-mundo-pdf1.pdf
- OS PORTUGUESES DO BILDERBERG – http://portugalglobal.blogspot.com/2011/05/os-portugueses-do-club-bilderberg_29.html
- CONFERÊNCIAS BILDERBERG E A FREQÊNCIA PORTUGUESA DESDE 1988 – http://pt.scribd.com/doc/23164608/Conferencias-Bilderberg-e-a-frequencia-portuguesa-desde-1988
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