segunda-feira, 30 de abril de 2012

PORTUGAL – UMA DAS PLACAS GIRATÓRIAS AO DISPÔR DO BILDERBERG – I



Martinho Júnior, Luanda

O grupo BILDERBER, particularmente depois do 25 de Abril de 1974, nunca perdeu de vista Portugal: os elitistas mentores desse grupo, avaliaram que Portugal podia constituir uma das plataformas europeias capazes de desempenhar projecções para outras partes do mundo a partir de laços históricos e sócio-culturais acumulados ao longo de séculos, com maior dificuldade em termos de acessibilidade para outros, pelo que se o país pouco valor tinha em si para os mentores do elitismo global com tendência uni polar, tornava-se importante com a dimensão dessa projecção em especial na direcção de África, da América Latina, da Ásia e da própria Europa, uma “catapulta” a não desprezar!...

Portugal membro fundador da NATO apesar do fascismo, manifestou-se sempre como “euro-atlantista”, em função da disponibilidade dos Açores a favor dos aliados, o que foi sensível quer durante a IIª Guerra Mundial, quer em outras crises que desde então foram eclodindo em várias partes do mundo, particularmente no Médio Oriente.

Os Açores prenderam Portugal à concepção “Euro Atlântica” a concepção que é fluente na própria essência do BILDERBERG!

O BILDERBERG reúne anualmente personalidades dos dois lados do Atlântico, Estados Unidos e Europa, pelo que se coloca no eixo das influências dos “think tanks” elitistas, se tivermos em conta a emergência capitalista até à fase da construção do império nos termos actuais da globalização, segundo os pontos da vista da hegemonia unipolar, de cultura eminentemente anglo-saxónica

Precisamente por causa disso, se tornou possível àqueles que estiveram disponíveis para os processos considerados mais sensíveis não só nos espaços geográficos do norte Euro Atlântico, mas em direcção a outras partes do mundo, serem “repescados” para a influência do Club e tornarem-se expoentes de políticas afins, de conveniência e espelhando os interesses da aristocracia financeira mundial, em especial onde houver “emergência”, mesmo aquela “emergência” à primeira vista contraditória aos expedientes da hegemonia unipolar!

Durão Barroso é um dos personagens “iluminados” que provavelmente foram “repescados” não tanto pelo valor das suas concepções e obras ao nível interno de Portugal, mas sobretudo pelo seu papel no valor dos relacionamentos que Portugal com ele estabeleceu, quer em relação ao alinhamento Bush – Blair – Aznar nos Açores, quer particularmente no quadro das difíceis conversações de paz para Angola, numa época em que desaparecia do mapa o socialismo (salvo o que se expressava por via da resistente revolução Cubana) e se produziu por vi neo liberal a ditadura do império capitalista e enfeudado à aristocracia financeira mundial!

Não foi de estranhar pois a sua trajectória, exposta numa entrevista dum estudioso do BILDERBERG, Daniel Estulin, ao “Semanário”, a 12 de Janeiro de 2006 (http://portugalglobal.blogspot.com/2011/05/os-portugueses-do-club-bilderberg_29.html):

“Quais os portugueses que participaram na reunião de Bilderberg de Stresa, em 2004?

Francisco Pinto Balsemão, Pedro Santana Lopes, José Sócrates. A lista de participantes portugueses ao longo dos anos é bastante extensa, se considerarmos o tamanho do país.

Nessa reunião, face ao poderio e influência de Bilderberg e ao facto de ser um clube predominantemente europeu e americano, alguém defendeu Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia?

Recordo--lhe que Durão foi escolhido para a Comissão dias depois da reunião de Bilderberg.

Torna-se importante compreender que é irrelevante quem ocupa a cadeira de presidente da Comissão Europeia.
Durão Barroso representa os interesses do governo mundial.

Tanto Kissinger como Rockefeller apoiaram energicamente a candidatura de Durão Barroso para aquele posto.

Barroso também foi amplamente apoiado pelos bilderbergers americanos em Stresa, por este ter apoiado a intervenção americana no Iraque.

No entanto, Durão foi resguardado.

Recorda-se da tão criticada cimeira dos Açores, justamente antes da Guerra do Iraque?

O consenso na altura foi no sentido de não considerar Durão Barroso um verdadeiro participante na cimeira.

Agora, começa tudo a fazer sentido.

Ele foi afastado para tornar a sua nomeação para a Comissão Europeia mais apelativa.

Desta forma, ele não fica ligado ao fiasco iraquiano.

Outro dos apoiantes de Barroso foi John Edwards, candidato a vice-presidente dos EUA, com John Kerry, que também esteve presente nas reuniões de Bilderberg.

Como nota de referência, tenho relatórios de várias fontes internas da reunião de Bilderberg que referem a fraca capacidade oral e a fraca personalidade de Barroso.

Decidiu-se mesmo limitar as suas aparições em público ao mínimo.

Kissinger, um membro permanente de Bilderberg, chegou ao ponto de o chamar, off the record, indiscutivelmente o pior primeiro ministro na recente história política. Mas será o nosso homem na Europa”.

É ainda “o nosso homem na Europa” que perante a crise na Guiné Bissau, uma crise que está a despertar para o papel de Angola pelo menos nas regiões da África do Oeste e do Sudão, veio a correr a Luanda, oficialmente preocupado nos relacionamentos da União Europeia com Angola (“Durão Barroso em Luanda para reforço da cooperação” – http://www.radioecclesia.org/index.php?option=com_content&view=article&id=4722:durao-barroso-pode-reforcar-lacos-de-cooperacao-entre-angola-e-a-europa&catid=118:politica&Itemid=478), mas pessoalmente manifestar o seu apoio num quadro de relacionamento que se aproxima dos interesses e valores elitistas e se afasta dos interesses e valores entre os povos (“Durão Barroso reafirma que UE não vai reconhecer regime saído do golpe militar” – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/durao-barroso-reafirma-que-ue-nao-vai.html).

Também aqui a hipotética “harmonia” é de subsistência duvidosa:

Até que ponto os interesses ocidentais em África, com ou sem BILDERBERG, alguma vez se aproximam do interesse dos povos africanos na sua luta contra o subdesenvolvimento crónico em que a história os deixou?

Alterou substancialmente a Europa, tendo em conta os exemplos da Líbia, do Sudão, da Somália, do Mali, da Costa do Marfim, da Guiné Conacry, da Guiné Bissau, os seus pontos de vista em relação a África?

Alterou o império (Estados Unidos e Europa), a lógica capitalista que serve de esteio ao domínio dos poderosos, sobretudo os financeiramente poderosos?

A via elitista, começa a conduzir Angola para “procurações” que lhe são historicamente “contra natura” e, quando me refiro à necessidade de Angola rever o seu papel em África, voltando-se sobretudo para si própria e para a região SADC, é evidente que coloco uma questão que é fulcral para o crescimento em curso, para a sua “emergência”: qual o preço que o povo angolano tem de pagar pelo eclipse da lógica com sentido de vida e que paz afinal está a ser erguida, com bastante labor é certo, com ainda tantos sacrifícios consentidos e com tanta paciência, dez anos depois do calar das armas?

Insisto que a paz não pode ser apenas o calar das armas, nem uma “emergência” cujo crescimento só está a ser possível por que persegue uma via elitista, aproveitando o espectro favorável da conjuntura dos relacionamentos Estados Unidos – União Europeia – Portugal – Angola, uma conjuntura de bancos e interesses alguns deles tentáculos do BILDERBERG, um processo que resulta frágil e vulnerável quando confrontado até com o processo “Françafrique” (que também tem outros vínculos, inclusive no que diz respeito a tentáculos do BILDERBERG via França e Bélgica), que é um processo histórico de neo colonialismo com uma marca impressiva desde as independências africanas, de há 50 anos a esta parte e agora se abre às tendências expressas pela hegemonia unipolar no âmbito da própria globalização!

A paz só o será quando se encontrarem amplas soluções de equilíbrio e consenso, de integração e não de exclusão, quando se aprofundar o diálogo, quando a cidadania se assumir com outra substância e visibilidade, quando a participação ganhar espaço à representação, quando a justiça social pesar no conteúdo dos próprios estados e nos seus relacionamentos, a começar no relacionamento com os próprios povos, por mais marginalizadas que estejam ainda algumas das suas comunidades.

O movimento de libertação e a sua via com sentido de vida, merecem a oportunidade humanística em relação aos povos de África, na luta contra o subdesenvolvimento crónico que todos eles, sem excepção, têm de travar para fazer face a um contencioso histórico que não só reflecte as sequelas do passado, mas também reflecte o carácter elitista e pernicioso do BILDERBERG ao sabor das correntes neo coloniais que impactam África!

Refiro-me na generalidade, como me refiro ao que está a acontecer na Europa, em África, em Portugal, em Angola e, por tabela, no “fim da picada”: a Guiné Bissau!...

Foto: Durão Barroso na sua última visita a Luanda, indicando o pior dos caminhos!

A CONSULTAR:
- CLUB BILDERBERG – OS SENHORES DO MUNDO – http://macua.blogs.com/files/senhores-do-mundo-pdf1.pdf
- CONFERÊNCIAS BILDERBERG E A FREQÊNCIA PORTUGUESA DESDE 1988 – http://pt.scribd.com/doc/23164608/Conferencias-Bilderberg-e-a-frequencia-portuguesa-desde-1988

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