MYB - Lusa
São Tomé 05 abr (Lusa) - O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, acusou hoje os representantes africanos no Conselho de Segurança das Nações Unidas de não estarem a desempenhar o seu papel e de cederem a interesses de potências de outros continentes.
"Nós temos países africanos no Conselho de Segurança, mas estão lá por serem países ou estão lá para representar um grupo africano? Qual é a posição da África? Nós temos que tirar as consequências disso", disse Patrice Trovoada. "Os países africanos no Conselho de Segurança, quando foi do conflito da Líbia, a resolução 1973, atuaram como africanos ou atuaram como países?", questionou o chefe do governo são-tomense.
O primeiro-ministro são-tomense que falava em conferência de imprensa para jornalistas são-tomenses e angolanos apela a que haja "uma verdadeira união africana, que não haja aventuras solitárias" e que os países africanos representados no Conselho de Segurança não sejam tentados a "agradar esta ou aquela potência ocidental".
"Nós os africanos temos que fazer um bloco, trata-se do interesse do nosso continente, o mundo está em crise, nós somos países frágeis, mas ricos", disse o primeiro-ministro são-tomense.
Os países africanos com lugar não permanente no conselho de Segurança são a África do Sul, Togo e Marrocos.
Patrice Trovoada, bastante crítico com o papel que a União Africana tem desempenhado, sublinhou as "falhas" que a organização continental demonstrou nos conflitos da Líbia e da Costa do Marfim.
"Acho que a União Africana não pode cometer mais erros, tem que haver uma resposta concertada, uma resposta africana para ver se de facto nós estancamos e reduzimos esses conflitos até à sua eliminação", explicou.
"Hoje ninguém está livre de dizer que isso passa-se no Magrebe, passa-se na África Ocidental, nós estamos aqui na África Central ou na África Austral e não nos vai acontecer absolutamente nada", acrescentou o governante.
Patrice Trovoada chamou a atenção para o caso do Mali, referindo-se à necessidade da firmeza da UA na resolução desse conflito: "Há um capitão que dá golpe de estado, depois diz que não tem armas para combater (rebeldes), numa semana perde metade do país, tudo isso a um mês das eleições e (depõe) um presidente que não pode ser reeleito", disse.
Sobre o impasse na eleição do novo presidente da comissão africana, Patrice Trovoada sublinha que "não vale a pena termos um presidente da comissão africana mal eleito.
"O que é preciso é nós irmos para uma terceira via, creio que a situação do continente aponta para que com alguma urgência, nós não nos dividimos mais e tentamos nos unir. Nós somos um bloco, temos um destino comum, temos interesses comuns e temos um adversário comum", concluiu.
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