MSO - Lusa
Aveiro, 02 Abr. (Lusa) - O ministro da Educação de Timor-Leste, João Câncio, revelou hoje que já estão a ser usadas línguas maternas no ensino básico, em três distritos, mas tal não põe em causa as línguas oficiais, Português e Tétum.
De acordo com o ministro, o projeto-piloto de uso das línguas maternas está a começar nas escolas de três distritos, em que o Tétum e o Português não são praticamente falados: Lautém, Manatuto e Oecussi, este último "onde até é ainda a língua indonésia a dominante".
João Câncio Freitas falava à Lusa em Aveiro, à margem da apresentação do livro «Memória das políticas educativas em Timor-Leste: A consolidação de um sistema (2007-2012)» , da autoria de Ana Margarida Ramos e Filipe Teles.
O ministro timorense sublinhou que o uso de línguas maternas no pré-escolar e primeiros anos do básico não pode ser confundido com a sua adoção como línguas de instrução, que são as línguas oficiais, mas apenas como instrumentos de introdução do conhecimento.
"Há quem pense que as línguas maternas vão ser de instrução, mas não é verdade. Em 2005, quando se elaborou o currículo dos primeiros seis anos, não foi bem refletido que o Português e o Tétum não são as línguas faladas em casa de muitas crianças", disse.
João Câncio Freitas deu como exemplo a dificuldade e frustração que é, para um aluno que nunca ouviu Português ou Tétum, entrar para a escola e ter um livro no seu primeiro ano todo em Português.
"As línguas maternas são apenas instrumentos de aprendizagem e de introdução do conhecimento e depois dá-se a passagem para as línguas de instrução", esclareceu.
Para o ministro timorense, a introdução desse projeto-piloto não significa que as duas línguas oficiais, Português e Tétum, sejam postas em causa, havendo mesmo a aposta no seu reforço por parte do Governo Timorense, que está disponível e interessado em acolher um maior número de professores portugueses.
"Temos tido uma colaboração excelente nos últimos cinco anos, com Portugal e o Brasil, primeiro com a reintrodução da Língua Portuguesa, que foi interrompida durante 24 anos, e estamos agora a dar passos à frente para melhorar a qualidade do ensino, com a formação inicial e contínua de professores e com as escolas de referência, o que é importantíssimo para o desenvolvimento do País", concluiu.
O seu homólogo português, Nuno Crato, igualmente presente no lançamento do livro, garantiu que o Estado Português vai continuar a colaborar com as autoridades timorenses, nomeadamente para expandir as escolas de referência (atualmente cinco) de forma a cobrir os 13 distritos do País.
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