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Nova Iorque, 08 mai (Lusa) - A participação dos países da CPLP é "bem-vinda" na força da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para a Guiné-Bissau, disse à agência Lusa a comissária desta organização para os Assuntos Políticos, Salamatu Hussaini.
A responsável da CEDEAO falava após uma reunião nas Nações Unidas em que participaram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), através do ministro das Relações Exteriores de Angola, George Chicoty, a presidente Comissão para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau e ainda o representante do secretário-geral da ONU, Joseph Mutaboba.
Depois de uma manhã de críticas à CEDEAO no Conselho de Segurança pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do governo guineense eleito, Mamadú Djaló Pires, que acusou a organização de incentivar golpes de Estado em África ao "legitimar" os golpistas no seu país, Salamatu Hussaini disse que a reunião trouxe "progressos substanciais".
"Concordamos em coordenar melhor, cooperar melhor e falar com uma só voz em termos de resolver a crise", afirmou à Lusa a responsável da CEDEAO.
Esta coordenação, que tem manifestamente faltado entre CPLP e CEDEAO, passa por "interagir melhor para que, em todos assuntos, as ações que um membro da comunidade internacional queira tomar seja suficientemente do conhecimento dos outros".
Hussaini adiantou ainda que os parceiros internacionais da Guiné-Bissau vão agora preparar um "roteiro" para assegurar que "todos trabalham juntos para atingir os seus objetivos".
Um dos pontos a discutir é a modalidade como será empregue a força da CEDEAO, cujo envio Hussaini afirma ser "iminente".
"Todos concordam que é preciso uma intervenção para assistir a estabilidade no país", adiantou.
Questionada sobre a participação de membros da CPLP na força, pedida na segunda-feira por Angola em conjunto com um mandato da Organização das Nações Unidas, Hussaini garantiu que, "sem dúvidas", há abertura.
"Todos os membros da comunidade internacional interessados em participar e contribuir são muito bem-vindos nas negociações" para assegurarem a sua participação, afirmou.
Não considerou, no entanto, que seja necessário um mandato, pois a carta das Nações Unidas prevê no seu capítulo oitavo intervenções do género, mediante condições.
"Estivemos na Serra Leoa, Libéria, resolvemos problemas semelhantes noutros países, com a concordância da ONU", disse.
Falando numa reunião do Conselho de Segurança sobre a crise na Guiné-Bissau, a responsável da CEDEAO afirmou que o "elemento de planeamento da força 'standby' da CEDEAO" está em contacto regular com as Forças Armadas guineenses sobre as modalidades de desdobramento da força, "que está iminente".
Mas, para atingir os seus objetivos, adiantou, a CEDEAO "precisaria de apoio financeiro, técnico e logístico", particularmente para o desdobramento da força, e os parceiros serão informados "tão rápido quanto possível" sobre os "detalhes do apoio necessário".
Hussaini defendeu as propostas da CEDEAO e afirmou que na última missão à Guiné-Bissau, a 04 de Maio e liderada pela Nigéria, estas receberam "aceitação alargada", apesar de alguns interlocutores guineenses terem pedido que uma missão técnica assegure o cumprimento da Constituição.
"A ordem constitucional que existia antes do Golpe de Estado [de 12 de abril] não pode ser restaurada imediatamente, como o PAIGC exige, para que seja evitado o espectro da guerra civil", alertou a responsável da CEDEAO.
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