JSD - Lusa
Cidade da Praia, 26 mai (Lusa) - O académico cabo-verdiano Corsino Tolentino considerou hoje que a diferença entre o que os fundadores da Organização da Unidade Africana (OUA) propuseram em 1963 nos planos político, económico e social e a situação atual do continente é dececionante.
comentando para a Inforpress os 49 anos da OUA, atual União Africana (UA), o antigo diretor geral da Fundação Calouste Gulbenkian e hoje funcionário do Ministério das Relações Exteriores de Cabo Verde, recusou, porém, falar em fracasso, mas admitiu que existe um "défice enorme" entre as expectativas dos anos 60 e a realidade atual.
Para Corsino Tolentino, em 1963, o objetivo principal da OUA era o de completar a independência política relativamente à colonização, "o que foi alcançado".
Mas no processo de transição de colónia para país soberano, África deparou-se com uma "herança pesada", que se traduziu em vários problemas, uns resolvidos e outros que ainda aguardam por uma resolução.
"A própria União Africana considera a paz como uma condição «sine qua non» para que haja desenvolvimento e respeito pelos direitos humanos, para que África possa avançar mais rapidamente", frisou.
No continente, além do problema da paz, há uma espécie de "deriva económica" que obrigou a que os recursos naturais em África, combinados com a dinâmica demográfica, não resultassem ainda naquilo que deveria ser uma taxa de crescimento elevada e, por conseguinte, uma "melhoria significativa" das condições de vida.
Corsino Tolentino entende que o continente continua a enfrentar situações "extremamente difíceis", com populações deslocadas por causa dos conflitos armados, mas lembrou que, nos planos político e científico, há uma procura constante de novas formas de organização, o que constitui um "indicador positivo".
"A África atual tem pouco a ver com a do século XVIII", sublinhou, acrescentando que existem "Estados muito frágeis e instáveis", mas que há outros que têm experimentado uma taxa de crescimento económico e de estabilidade política "verdadeiramente encorajadoras".
O analista defendeu a necessidade de se melhorar as informações sobre África para que se possam fazer avaliações "objetivas" em relação à evolução do continente e à sua relação com o mundo.
A OUA foi criada a 25 de Maio de 1963 e, em 2000, foi substituída pela União Africana (UA), visando colocar África no panorama económico mundial e resolver os problemas sociais, económicos e políticos dos países africanos, agravados pelo fenómeno da mundialização.
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