Ditadura do Consenso e a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas
António Aly Silva – Ditadura do Consenso
No encontro formal estiveram o ministro dos Negócios Estrangeiros Djalo Pires, o seu homologo angolano Georges Chicoty também Presidente em exercício da CPLP, Maria Luísa Viotti, Representante permanente do Brasil junto das NU e Presidente da Configuração para a Guiné-Bissau da Comissão de Construção de Paz das NU (PBC), Joseph Mutaboba, Representante Especial do SG das NU na Guiné-Bissau, e Salamatu Hussaini-Suleiman, Chefe da Comissão da CEDEAO para os Assuntos Políticos, da Paz e da Segurança.
Cada uma das partes expôs o seu ponto de vista e sustentou a sua posição relativamente ao golpe militar na Guiné-Bissau. Invariavelmente, todos reforçaram as posições inicialmente assumidas, ou seja: a Guiné-Bissau, a CPLP, a Representante da PBC e o Representante do SG das NU, todas eles pautaram-se pela coerência na condenação firme do Golpe de Estado de 12 de Abril, pelo retorno à normalidade constitucional com a devolução do poder aos políticos legitimamente eleitos e a condenação dos militares golpistas e seus mentores políticos.
A representante da CEDEAO persistiu na incoerência e na legitimação encapotada do Golpe de Estado devido a pressões e orientações do Senegal, da Costa do Marfim e da Nigéria, contrapondo-se ao bloco pro-Guiné-Bissau (Gâmbia/Cabo-Verde/Guiné-Conakry, tendo o Presidente Kondé, ciente da cabala montada pelo trio em Dakar, recusado a participar no Golpe).
A referida representante sentiu-se impotente em defender o indefensável perante os argumentos coerentes e sustentáveis que pleitam a favor do grupo pro-legalidade constitucional e de tolerância zero aos Golpes Constitucionais em regimes democráticos.
No entanto, a parte mais interessante, de partir a loiça, como se diz, aconteceu no Encontro Intercativo (sem a presença da Imprensa) onde a roupa suja foi devidamente lavada, apontando-se argumentos de peso e de sustentação incontornável sobre o carácter étnico-tribal do golpe de Estado de 12 de Abril. Alias, foi ali mesmo que a mais grave acusação surgiu: o golpe militar levado a cabo por uma cadeia de comando etnicamente instrumentalizada e intrinsecamente ligado ao trafico de droga e crimes transfronteiriço. Também se falou da questão da impunidade das altas chefias militares, supostamente ligados aos sucessivos assassinatos ocorridos na Guiné-Bissau.
A representante da CEDEAO viu-se ultrapassada e mesmo «humilhada» perante os factos apresentados, e, sem argumentos, chegou a perder as estribeiras gritando que «a CEDEAO não pactua com golpistas, a CEDEAO, não apoia o tráfico de droga na Guiné-Bissau... isso é mentira». Enfim, a CEDEAO foi desmascarada sobre os seus propósitos.
Por fim, decidiu-se pela constituição de uma força de interposição múltipla, constituída por elementos da CEDEAO, CPLP, UA sob a capa das NU. As Nações Unidas estão já a preparar o seu pacote de sanções contra os militares golpistas assim como aos políticos directamente envolvidas na «manipulação da situação político-militar da Guiné-Bissau». A margem dessas decisões, a UE informou que está a ultimar a lista dos civis e políticos abrangidos pelas suas sanções já decretadas ao encontro dos militares golpistas.
- Publicada por António Aly Silva em 08.05.12
*Título PG
1 comentário:
para um debate mais aprofundado sobre a situação na guiné:
http://blog.stress.fm/2012/05/situacao-na-guine-bissau-uma-conversa.html
e
http://www.youtube.com/watch?v=hKTqXCO7tq0
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