sexta-feira, 4 de maio de 2012

Guiné-Bissau em crise censura jornalistas, dizem Repórteres Sem Fronteiras



Deutsche Welle

Organização diz estar "desencorajada" com golpes de Estado. Nações Unidas comemoram nesta quinta-feira (03.05) o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e homenageiam também o papel das mídias sociais na Primavera Árabe.

No Dia Mundial da Liberdade de imprensa, a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras decidiu destacar dois aspectos: constatou que mais de 20 jornalistas ou atores da informação foram mortos desde o início deste ano; o que significa que um jornalista ou um ator da informação é morto em cada cinco dias.

Por outro lado, como anualmente, é divulgada a lista atualizada dos "predadores da liberdade de imprensa" e que este ano conta com 41 nomes de inimigos da liberdade de imprensa no mundo – por exemplo, os chefes de Estado do Ruanda, da Eritreia, da Guiné Equatorial e da Gâmbia, entre outros; além de milícias ou grupos armados como os fundamentalistas islâmicos shebab, na Somália, e Boko Haram, na Nigéria.

RSF "desencorajada" com frequência de golpes na Guiné-Bissau

O ritmo frequente dos últimos golpes de Estado na Guiné-Bissau tem criado obstáculos à liberdade de imprensa, diz Ambroise Pierre, da Repórters Sem Fronteiras. Mas, para Pierre, o "desânimo" da organização com os golpes recorrentes não quer dizer que a RSF baixou os braços. Mas, "apesar de tudo, tem-se a impressão que é difícil encontrar um ritmo correto e normal para a Guiné-Bissau, mesmo quando o país conhecia um período rico e intenso – como foi há algumas semanas a preparação de uma eleição presidencial", explica o responsável da RSF.

"Tínhamos a impressão de que existia um respeito pelo debate de ideias ou pelas liberdades fundamentais. Mas não: o país está novamente a braços com um golpe de Estado como tem sido hábito no passado", continua Ambroise Pierre. Para ele, a imagem geral da Guiné Bissau é infelizmente a do recurso sistemático a golpes e instabilidade ligados ao tráfico, mas não só.
"Fatalmente, esta situação tem repercussão sobre a liberdade de imprensa", constata Ambroise Pierre. "A Guiné Bissau é um país em que, com a situação calma, os jornalistas fazem o seu trabalho em condições aceitáveis. Mas, quando a instabilidade regressa, os jornalistas enfrentam inúmeros problemas", afirma o especialista, ao lembrar que, "na semana passada, os RSF denunciaram a censura militar imposta sobre os meios de comunicação e a agressão ou ameaças cometidas contra alguns jornalistas e bloggers guineenses".

Comunidade internacional precisa levar a sério crise na Guiné-Bissau

Para Ambroise Pierre, no âmbito da crise na Guiné-Bissau, a comunidade internacional tem um papel crucial de fazer respeitar as liberdades fundamentais, a começar pela liberdade de imprensa.

"Estamos face a uma situação política excepcional e é preciso lembrar aos atores políticos a importância de garantir a segurança dos cidadãos e a liberdade fundamental como a liberdade de informação. A RSF apela portanto à comunidade internacional que se debruce sobre a situação na e coloque sempre na mesa de negociações a questão dos direitos do homem e o respeito das liberdades para todos os cidadãos guineenses", diz Pierre.

Autor: António Rocha - Edição: Renate Krieger

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