Ernesto Dabó – Guiné-Bissau, opinião
Desde que se deu a sublevação militar de 12 de Abril, para a esmagadora maioria da população guineense o mais desejado foi e é que nenhuma vida fosse ou seja perdida em mais este infortúnio que caiu sobre o nosso destino.
Dessa maioria, cada um à sua maneira, fez e está a fazer o que pode para que tal desejo se materialize. Até aqui, nem por militares, nem por consequência de quaisquer desmandos, alguém perdeu vida, acidentalmente e muito menos por assassinato. Este facto, já é um significativo ganho ou mudança, que devia ser ponderado devidamente por quem entendeu fechar portas, porque “não negoceia com golpistas” e por quem entende que só à chicotada se pode levar os guineenses a retornarem à “sua” ordem constitucional.
Como sempre acontece, quando é derrubado um regime (normalmente já em avançadíssimo estado de degradação), os seus agentes e apoiantes tudo fazem para manter o combate político na estéril discussão do regime, em vez de se discutir as razões sociais e de Estado, que na verdade determinam as suas mudanças, pacíficas ou violentas. Para isso, despudoradamente, usam e abusam, da pior droga que existe, como principal arma, ou seja: a desinformação com o intuito de impedir todo um povo, de se reencontrar, reconciliar e orientar os seus esforços para o real garante da paz e progresso, que é a justiça e pleno exercício de liberdades.
Mas, graças a Deus, como ninguém conduz a história, que é feita pelos povos e não por fazedores de drogas noticiosas, que julgam possível tornar toda uma nação “toxicodependente” de falsidades, tudo acaba por se sujeitar aos interesses superiores da maioria, vítimas reais de pecados alheios. Que leve o tempo que levar, custe o que custar, assim sucederá na Guiné-Bissau.
Como se sabe, está mais que provado que a força das ideias é a mais potente das forças, particularmente, quando elaboradas em espaço próprio, por residentes, que partilham o dia-a-dia com as populações. Por isso, rogo a todos os que realmente querem mudar o nosso país e instaurar nele uma verdadeira TOLERÂNCIA ZERO NACIONAL, às reais causas do nosso cíclico infortúnio; nomeadamente, à atitude de vende-pátria no exercício da governação, que mantenhamos uma unidade de aço na luta em defesa da dignidade nacional, promoção da justiça e exercício de liberdades.
No fundo no fundo, para muitos dos que querem o retorno ao 11 de Abril e 2012, seria cereja no topo do bolo voltar-se ao 23 de Setembro de 1973. Que tirem o cavalinho da chuva.
É circense ser-se portador de “sumbia” e acreditar que peões falhados podem enfiar o barrete ao povo guineense por todo o tempo.
“Udju gros di saltons ka ta pântano. Nô canua ka na ncadja”.
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