sexta-feira, 11 de maio de 2012

Moçambique: Visita de Banda poderá ajudar a desanuviar tensão nas relações bilaterais



PMA - Lusa

Maputo, 11 mai (Lusa) - A visita que a Presidente malauiana, Joyce Banda, realiza a Moçambique a partir de sábado sinaliza a intenção de desanuviar a tensão que marcou as relações entre os dois países durante a presidência do falecido Bingu wa Mutharika.

Joyce Banda chega a Moçambique no sábado, para uma visita de dois dias, com uma agenda que inclui um encontro com o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, conversações bilaterais entre as delegações dos dois governos e uma deslocação ao Porto da Beira, centro do país, e por onde acede ao Índico.

A comitiva de Banda, que contará com a companhia do marido, Richard Banda, vai incluir os ministros dos Negócios Estrangeiros, Ephraim Mganda Chiume, Energia e Minas, Cassim Chilumpha, Transportes e Infraestruturas, Mahommed Sidik Mia, e do Ambiente e da Gestão de Mudanças Climáticas, Catherine Gotani Hara.

A deslocação da nova chefe de Estado malauiana, a segunda mulher a ascender à presidência de um país em África, é também um gesto de reciprocidade ao gesto do Governo moçambicano, que ofereceu combustível e alimentos para as exéquias fúnebres do seu antecessor Bingu wa Mutharika, em abril passado.

O falecido Presidente manteve uma relação crispada com Moçambique, com iniciativas e pronunciamentos que provocaram uma visível irritação de Maputo.

Entre os episódios mais marcantes na tensão entre os dois países esteve a tentativa de Bingu wa Mutharika de testar unilateralmente a navegabilidade de navios de grande calado no Rio Chire, tendo mesmo construído um porto em Nsange, pela portuguesa Mota Engil, cuja cerimónia de inauguração foi boicotada por Armando Guebuza.

Num outro incidente, o falecido chefe de Estado malauiano foi forçado a interromper subitamente uma visita a Moçambique, depois de Armando Guebuza ter exigido explicações sobre uma incursão da polícia malauiana na província do Niassa, que provocou ferimentos em elementos da guarda fronteiriça moçambicana.

Acossado pelo descontentamento da população com o custo dos combustíveis, Bingu wa Mutharika apontou obras na Ponte Samora Machel, na província de Tete, centro de Moçambique, por onde passam as importações do seu país, como causa da carestia.

As relações entre os dois países já tinham conhecido momentos de turbulência nos anos de 1980, quando o falecido Presidente moçambicano, Samora Machel, ameaçou colocar mísseis virados para o Malaui, para supostamente conter este país de prestar apoio logístico à guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), atual maior partido da oposição.

Sem comentários:

Mais lidas da semana