MSE - Lusa
Díli, 19 mai (Lusa) -- O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta disse hoje, no seu último discurso, sentir tristeza por durante o seu mandato não ter sido aprovada a Lei da Amnistia e seguidas as recomendações da Comissão de Verdade e Amizade.
"Sinto tristeza por não termos aprovado uma Lei de Amnistia que permitiria o retorno a casa de muitos dos nossos irmãos e irmãs ainda lá fora", afirmou José Ramos-Horta, no seu último discurso como Presidente timorense.
O chefe de Estado timorense disse também sentir tristeza por não se ter conseguido a "Comissão de Verdade e Amizade, aprovando uma lei que retiraria da lista de pessoas indiciadas, os timorenses e indonésios acusados pelo painel da ONU para os crimes graves, estabelecido em Timor-Leste pela Administração Transitória das Nações Unidas em 2002".
No discurso, José Ramos-Horta falou do "longo caminho na vastidão da indiferença e do abandono internacionais" a que Timor-Leste esteve sujeito durante os 24 anos de luta pela restauração da independência do país.
"Renascemos das cinzas, sobrevivemos a guerras e pagámos pelos nossos pecados. Mas muitos, demasiados, desapareceram para sempre - seres humanos mortos por seres humanos, irmãos mortos por irmãos", disse, para lembrar de seguida homens como Francisco Xavier do Amaral e Nicolau Lobato, os primeiros presidentes timorenses.
José Ramos-Horta, eleito para o cargo em 2007, lembrou também a crise de 2006 no país "quando a polícia e as forças de defesa implodiram" e mais de 150 mil pessoas foram deslocadas.
"Mas os últimos dez anos não foram só anos de conflito. Podemos sentir orgulho nas nossas realizações em muitas áreas, como as da educação e da saúde. Hoje, o país está em paz, o povo renovou a esperança, as vidas melhoraram", afirmou.
José Ramos-Horta felicitou também o atual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, por ter liderado um processo "único de reconciliação com coragem, determinação e compaixão".
"Sinto orgulho em pertencer a uma sociedade que mostrou um grande coração, resistindo à tentação de vinganças, em nome da Justiça", salientou.
Aos presidentes de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, garantiu, em nome de todos os timorenses a sua "duradoura gratidão e amizade".
Aos restantes convidados, o Presidente manifestou "respeito e gratidão" por estarem com Timor-Leste nos últimos 10 anos.
Ao futuro Presidente timorense, Taur Matan Ruak disse que o seu mandato "será de bons tempos".
"Os maus momentos não deverão voltar nunca à nossa terra e aos nossos lares, ao nosso povo", acrescentou.
"Juntamente com os nossos irmãos maiores Xanana, La Sama, Cláudio Ximenes, Lu-Olo, Alakatiri, Lere, Lugo, Rogério, Abílio guiaremos o nosso povo para maiores realizações", afirmou.
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