António Veríssimo
QUAL O CUSTO DA VIAGEM DE CAVACO AO OUTRO LADO DO MUNDO?
Que Portugal tem um presidente da República que é minoritário na representatividade dos que os elegeram, já sabemos. Que Portugal tem um presidente da República que apesar de auferir mensalmente várias acumulações de reformas que são superiores a 10 mil euros, também já sabemos. Que Portugal tem um presidente da República que faz recordar António Oliveira Salazar, os antigos sabem muito bem disso. Que Portugal tem um presidente da República que há cerca de um par de anos declarou de rendimentos (2009?) cerca de um milhão de euros, só não sabem aqueles que não querem. Que Portugal tem um presidente da República que diz uma coisa mas depois aprova outras soluções e medidas tomadas pelo governo do seu partido político, já não há quem ignore. Que Portugal tem um presidente da República que concorda e aprova a extinção de um feriado da Restauração de Portugal – 1 de Dezembro de 1640, quando os ocupantes espanhóis foram escorraçados – e também um feriado que comemora a instauração da República – 5 de Outubro de 1910 - demonstrando ser indigno representante na qualidade do cargo que tão mal desempenha, já anda pelo país a “novidade” à boca cheia. Que Portugal sabe que Aníbal Cavaco Silva encarna a figura do ganancioso quando se lamenta dos cortes que supostamente lhe acontecem nas reformas e que quase nada representam comparativamente aos cortes e sacrifícios da vasta maioria dos portugueses, nem aos benefícios que tem recebido de Portugal e que lhe têm permitido enriquecer de modo misterioso, no dizer dos portugueses sobre muitos dos que “abraçaram” a profissão de políticos… Tudo isso já sabemos.
O que talvez não saibamos como devíamos é que Portugal vai ser representado em viagem presidencial ao sudeste asiático por um homem rico com o dinheiro dos outros, quando se dispõe a viajar com uma comitiva de luxo (provavelmente de lixo) que, sem contemplações, vai passear àquela parte do mundo, “laureando a pevide” junto de cerca de não sabemos quantos acompanhantes cujas despesas serão suportadas por todos os portugueses, pelos famintos, pelos desempregados, pelos que estão a ser vítimas do regime pró esclavagista ao jeito de Cavaco e do seu mais recente delfim, Passos Coelho, PM da triste atualidade e futuro Governante de Triste Memória da Nação Portuguesa.
Uma comitiva de não sabemos quantos indivíduos que durante uma semana vão viajar, comer, beber e dormir, à custa dos depauperados contribuintes portugueses (que são todos que respiram ou que até passam fome) é a maior das indecências imaginadas. É o maior dos descaramentos que Cavaco nos pode demonstrar. É a atitude irreconciliável com o que tanto apregoa sobre a austeridade e a “equidade” (palavra que de há imenso tempo já nem tem o descaramento de pronunciar, tirando a fase em que andava com a boca cheia dessa fantasia fruto da sua hipocrisia). A saber, se tudo na realidade acontecer com os abusos do costume, esta decisão, esta atitude, irá demonstrar que na realidade Portugal não merecia ter um presidente da República como Cavaco Silva: egoísta, ganancioso, autista, aliado das maiores riquezas e confusões financeiras do país, politicamente insensível, indigno e desprezível.
Quanto vai custar a Portugal a viagem de Cavaco ao sudeste asiático, ao outro lado do mundo? Crise? Que crise? Crise para os trabalhadores portugueses, para os desempregados, para os famintos. Isso sim.
Como há muito pelo país se vem dizendo: Obviamente, demita-se!
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