sábado, 2 de junho de 2012

Angola: Promessa de 1,2 milhões de empregos impossível de concretizar - Un. Católica



FPA - Lusa

Lisboa, 01 jun (Lusa) - A promessa do governo angolano de criar 1,2 milhões de empregos até 2012 é impossível de concretizar, conclui um relatório do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola.

O "Relatório Económico de Angola", que o CEIC divulga na terça-feira em Luanda numa conferência para assinalar o seu 10.º aniversário, conclui que "não vai ser possível criar, em termos acumulados, 1.200.000 novos postos de trabalho em quatro anos".

A promessa foi feita em 2008, em plena campanha eleitoral, e o diretor do CEIC, Manuel José Alves da Rocha, questiona hoje "com que bases concretas se avançou com aquele número".

"As eleições em 2008 foram em setembro e nessa altura já se sabia que haveria uma crise económica e financeira internacional e que todos os países iriam sofrer as consequências", disse à Lusa o economista, defendendo que as metas devem ser "fixadas com mais realismo" e devem ser "isentas de considerações de natureza política".

O professor universitário considera que a meta avançada em 2008 "foi excessivamente otimista" e questiona também os números avançados pelo governo em 2009, "ano em que o PIB angolano cresceu com a taxa mais baixa de sempre depois da paz".

Como é que nessa altura foi possível criar 386.000 empregos?, questiona o economista, citando as estatísticas oficiais.

"Para que a meta de emprego prometida em 2008 fosse cumprida até final de 2012 e considerando uma variação no valor da produtividade bruta média aparente do trabalho de 7,5 por cento, teriam de ser cridos quase 630.000 postos de trabalho e o PIB teria de crescer 16,8 por cento (a previsão oficial é de 9,8 por cento)", diz ainda o documento.

O CEIC estima em 24,8 por cento a taxa de desemprego em 2011, praticamente o mesmo valor que o calculado para 2010 (24,7 por cento).

"Parece que a capacidade de a economia formal criar empregos a uma velocidade superior à do crescimento da população economicamente ativa se encontra bloqueada por qualquer razão", lê-se no relatório.

Em declarações à Lusa, Alves da Rocha admitiu que o "problema essencial" possa estar ligado aos processos tecnológicos de produção.

"É assim em todo lado. Os processos de produção são cada vez mais intensivos em tecnologia e em capital, pelo que não são grandes amigos do emprego", disse.

Por outro lado, reconheceu que o facto de a qualificação dos trabalhadores angolanos não ser aquela que o setor privado necessita pode ser um limite à criação mais intensa de novos postos de trabalho.

Angola realiza eleições gerais a 31 de agosto.

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