segunda-feira, 25 de junho de 2012

“O que importa é o processo democrático”, diz Lugo ao inaugurar governo de resistência




Luciana Taddeo - Enviada especial a Assunção – Opera Mundi

Presidente deposto criticou imprensa paraguaia e disse que pretende fiscalizar gestão de Federico Francooçambique

Após reunião com 11 ministros de seu “governo” na manhã desta segunda-feira (25/06), o presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo, afirmou à imprensa que o “gabinete para a restauração democrática” funcionará como uma entidade de resistência pacífica ao golpe e de fiscalização dos passos tomados pelo governo de Federico Franco.

Lugo afirmou que o objetivo da reunião é que o quadro ministerial continue unido, com o apoio de todas as organizações políticas e sociais do país que queiram resistir ao “golpe político parlamentar” que o destituiu. O presidente deposto também queixou-se do papel de importantes veículos de imprensa de seu país, que tentam transmitir a sensação de que “nada aconteceu”.

 “Se aqui não houve um rompimento do processo democrático, por que não convidaram o Paraguai para a Cúpula do Mercosul? Porque os países da região estão retirando seus embaixadores do país? Por que poucos governos reconheceram o novo presidente?”, perguntou o ex-bispo.

Quanto à sua participação na Cúpula do Mercosul que será realizada na Argentina, afirmou que “quer estar presente para explicar os pormenores do que está acontecendo no Paraguai, como o ex-presidente de Honduras, Manuel] Zelaya fez na Unasul, com uma equipe de juristas”.

Neste domingo (25/06), os governos do Brasil, da Argentina e do Uruguai comunicaram a exclusão do presidente empossado após a destituição de Lugo, o então vice Federico Franco, da reunião que terá início nesta quarta-feira (27/06). Para o ex-bispo, “Franco não tem autoridade para ser mediador” da política externa paraguaia.

Lugo afirmou ainda que o fato de ter aceitado, em discurso, o golpe que o tirou da presidência do país na última sexta-feira (22/06) se deveu a uma precaução tomada com o intuito de evitar que as manifestações fossem violentamente reprimidas, como se viu no dia do impeachment. “Não vamos dar o gosto aos promotores da morte no Paraguai”, disse, concluindo que “mais que a recuperação do poder pessoal, o que importa é o processo democrático”.

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