sábado, 2 de junho de 2012

TIMOR-LESTE TERÁ OBSERVAÇÃO PRIVILEGIADA SOBRE TRÂNSITO DE VÉNUS


Pedro Russo, investigador
Marlene Moura - Ciência Hoje

Astrónomo português coordena projecto educacional dedicado a fenómeno do século

Para celebrar o trânsito de Vénus – um raro evento astronómico em que o planeta passa em frente ao sol, que ocorre na próxima quarta-feira –, Pedro Russo, astrónomo e coordenador do Universe Awareness International Project, desenvolveu uma iniciativa de carácter educacional para Timor-Leste – um dos poucos países onde será possível observar o fenómeno astronómico na sua totalidade. Este será o maior evento científico realizado no país desde a sua independência, há dez anos.

O Transito de Vénus não será visível em Portugal, nem sequer na Europa. A Ásia é o local privilegiado para a observação e em Timor Leste (Sudeste Asiático) existe a possibilidade de ver o acontecimento na sua totalidade. Pedro Russo contactou uma escola em Díli, onde se encontra actualmente, e começou a organizar uma série de iniciativas que irão culminar na grande observação (dia 6 de Junho).

O Projecto Universe Awareness (UNAWE), que arrancou hoje, levará a cabo várias actividades educativas e lúdicas para as crianças, acções de formação para professores, palestras públicas, uma exposição sobre astronomia e uma sessão de observação para o público em geral.

Segundo o investigador da International Astronomical Union explicou ao jornal «Ciência Hoje», “os trânsitos de Vénus são muito importantes por serem fenómenos extremamente raros. As orbitas da Terra e de Vénus estão um pouco inclinadas, uma em relação à outra, e isso faz com que este trânsito só aconteça aos pares, mas estes, por seu lado, só acontecem a cada cem anos”.

Os trânsitos acontecem num curto espaço de tempo e o próximo será apenas em 2117. O especialista realçou que do ponto de vista científico “é de grande interesse, porque foi a partir deste acontecimento que se conseguiu calcular a distância da Terra ao Sol” e foi “fundamental para percebermos não só a dimensão do nosso sistema solar, mas também a da nossa galáxia. É o que nós chamamos de metro cósmico, é a unidade de medição astronómica, ou seja, a distância do nosso planeta ao sol”, continuou.

Medição astronómica

Pedro Russo explicou que a medição é feita quando “dois observadores estão em duas latitudes distintas ou afastadas o mais possível, de onde o trânsito de Vénus seja visível e se um observador, que esteja numa latitude superior segue o planeta a atravessar o sol, vai ver o ponto um pouco mais abaixo do que um que esteja numa inferior, ou seja como se um estivesse a olhar para cima e visse a projecção mais acima e vice-versa”.

A distância é calculada com trigonometria, a partir do momento em que se conhece a distância entre estes dois observadores e a separação do planeta vénus. Este fenómeno astronómico é de suma importância e marcou especialmente o século XIX. Hoje em dia, pode ser utilizado como uma ferramenta de educação, já que permite ensinar história ou matemática.

Pedro Russo sublinha que os timorenses irão presenciar a "um fenómeno único nas suas vidas e nunca mais o poderão fazer, já que para o próximo será necessário esperar mais de um século". Apesar de o foco ser em Timor, o projecto tem parcerias com outros países da CPLP, como Moçambique ou Brasil, mesmo que a observação não seja visível.

1 comentário:

Anónimo disse...

Força Cientista Português e também como CPLP, vá lá mas não se esqueça vir lá Universidade Nacional Timor Leste apresentar sua resultado (palestra) antes de regressar.
...
Por favor Jornal Globo envio o meu noticia á senhor Pedro Russo.
Bom sucesso Astronomo Português e CLPL

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