domingo, 22 de julho de 2012

NÓS SOMOS DO MPLA, NÃO SOMOS DO PRI



Folha 8

O PRI é o partido mexicano que governou o México por longos 71 anos. Um regime de corrupção e bandidismo implantado por esse partido foi considerado como uma ditadura perfeita pelo escritor peruano Mário Varga Llosa. O êxito!?

Nelo de Carvalho*

É porque o PRI surgiu como um Partido de Esquerda e de massas que refletia os desejos dos camponeses e operários mexicanos nos anos vinte e trinta. Mas seus instrumentos para lidar com adversários políticos e influenciados pela guerra fria e a inspiração anticomunista que motivaram massacres, perseguições, torturas, escândalos e difamações, transformaram o PRI num partido criminoso que oscilava entre o Centro e a Direita quando assim quisesse. Corroborado pela ideologia fascista e anticomunista que vinha do Norte, o PRI sentiu-se estável e seguro para governar pelo tempo que quisesse; fez do México, não só uma nação de corruptos e mafiosos, mas transformou o Povo desta nação em um bando de imigrantes mercenários, dispostos a trocarem o pouco de dignidade que o Povo mexicano conquistou em todas as suas lutas, até mesmo contra a invasão que arrebatou mais da metade do seu território, pelo território do Norte.

A diferença, entre o PRI e o MPLA, é que este chega a ser mais autoritário sem mesmo cumprir a metade do tempo que aquele já governou. Este acredita, erradamente, que todos angolanos têm uma suposta dívida pelas suas vitórias alcançadas ao longo do tempo em que, estupidamente, mais da metade desse tempo se auto proclamou representante legítimo da nação angolana. Sem avaliar que muitos dos seus atos, também, poderiam se identificar com o oportunismo; o oportunismo criminoso que sempre guiou os dirigentes desse país. Para bem ou para mal, a nação angolana foi construída diante dessa ambição em que oportunistas e criminosos, com a fachada de salvadores da pátria e o populismo delinquente legitimou o Partido no poder.

O MPLA é assim, é a vitória não só do povo angolano ou o instrumento que ajudou alcançar todas as nossas vitórias, incluindo as pessoais. Mas debaixo de tudo isso –da saga coletiva e individual- é a vitória de um bando de oportunistas e delinquentes, que hoje temem e rejeitam ser contestados. O MPLA é, também, a vitória dos corruptos, dos generais semianalfabetos, transformados em empresários que querem fazer de Angola o país do negro que só sabe mostrar sua capacidade consumista. Sem se importarem que a riqueza de uma nação tem como fonte a genialidade criativa dos seus cidadãos de criarem os próprios bens que deverão consumir.

Os vigaristas estão aí, possivelmente ganhem as próximas eleições, e vão esfregar mais na cara de todos, os angolanos, de que eles, melhor do que ninguém, podem e merecem governar porque estão em situações melhor, incluindo no combate à corrupção. A mentira é tão odiosa e descabida, que também hoje vence diante de qualquer ação que se opõe contra a mesma. O PRI no México em 71 anos venceu batalhas desta forma com o autoritarismo e as mentiras. Aquelas e estas se apoderam do MPLA em menos tempo, como já dissemos, fizeram desse partido uma instituição insignificante diante dos verdadeiros valores, princípios e ideologias que viu nascer o maior partido da história do nosso continente, mas que hoje vale menos que os dólares dos corruptos que governam a nação angolana.

Ganhe ou não ganhe as próximas eleições (mesmo porque para a nação isso já não é importante), numa Angola sem alternativas, o MPLA não deixará saudades, mas seus símbolos continuarão a representar o que há de melhor nesse país: um povo incansável – até no combate à corrupção-; seus cidadãos ou povo que nada têm a ver com a turma de larápios que dizem representar o mesmo; estes ( a turma), um bando de gente desprovida hoje de qualquer conteúdo, que o tempo foi revelando e desmascarando.

Seus símbolos representarão as conquistas dos milhões de anônimos, que mesmo sabendo ou não o que defendiam, ajudam e têm ajudado a construir uma nação; e de tempo em tempo ( os mesmos símbolos) constrangerão, sim, a corja de bandidos que se apoderaram de um poder que nunca lhes pertenceu: o Poder do Povo!

O bom mesmo em tudo isso é que a história de um país como no México e em Angola, também, não é só a história de Partidos corruptos. É a história também de sua gente que tem capacidade de se ver no espelho ou até de não se deixar enganar por um retrovisor mal posicionado. Posição esta sempre redefinida pela máquina enganadora e inescrupulosa de um sistema que sabe transformar seus adversários políticos em inimigos perigosos da nação.

Perigosos!? Esse não é o caso de quem se insurgiu contra a corrupção!




Postado por William Tonet - em Folha 8

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