domingo, 29 de julho de 2012

O DIREITO AO ESCLAVAGISMO E À IGNORÂNCIA





Lembrou-se o Daniel Oliveira desta banalidade:

“Ir de férias não é um luxo. Sair de casa e da cidade onde se vive, estar com a família e recarregar baterias é, na sociedade que julgávamos estar a construir, um direito.”

A extrema-direita não gostou. Vamos por partes: se as férias pagas são uma conquista lançada pela Frente Popular em 1936, e portanto um direito conquistado, qualquer não mentecapto com conhecimentos mínimos de gestão empresarial sabe que hoje são mais um dever: os trabalhadores descansando aumentam a sua produtividade, coisa a que recarregar baterias dá muito jeito.

Claro que vivemos em Portugal, onde até os homens do FMI afirmam isto:

“Acha que Portugal pode ser muito produtivo em várias áreas, nomeadamente na agricultura, mas precisa de empresários a sério. (…) Marcos dizia que o problema não é somente da competitividade dos trabalhadores (tão bons quantos os melhores, mas lá fora…), já Albert completava: tendo em vista os salários, o problema é a capacidade dos empresários em usar as capacidades dos trabalhadores. ”Num país que está na União Europeia desde 1986 e em que o salário à hora de um trabalhador qualificado no sector industrial é de €10, se um empresário não consegue ser competitivo com este preço é porque existem questões que precisam ser abordadas“*

Ou seja, vivemos num país onde a burguesia nem ganhar dinheiro sabe, e vai vivendo das borlas atlânticas de um estado generoso. Uma burguesia de treta, mais preocupada com a fuga aos impostos do que com o funcionamento do seu capitalismo, uma burguesia de patos-bravos chulando o estado dos negócios, uma burguesia herdeira de uma nobreza que soube desbaratar como poucas as melhores oportunidades e anda nisto desde o séc. XVI (hoje com os seus apelidozinhos paternos, edipianamente negando as mães, à falta de um título e dado o ridículo de alguém se armar em conde do raio que o parta).

Gente que ainda acredita que esta crise “começou precisamente por, tanto os privados como o Estado, gastarem o que não tinham“. A Lemon Brothers e a Goldman Sachs nunca existiram, repetir a mentira só lhes fica bem. Podiam era ir explicando a que horas pretendem iniciar o recolher obrigatório, ou então concorrerem a eleições com o vosso verdadeiro programa e sem as mentiras eleitoreiras dos Passos e Portas, onde uma assessoriazinha é sempre bem vinda. Eram capazes de ter mais uns votos que a Carmelinda Pereira.

*Reportagem no Expresso 14/7/2012: ”Os Homens do FMI” – depoimentos dos dois representantes do FMI em Portugal

- Vídeo alusivo no original: Les congés payés

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