Cristina Ferreira, Pedro Crisóstomo – Público, em Economia
O presidente do BPI, Fernando Ulrich, considerou hoje “incompreensível” que o Ministério das Finanças realize reuniões em inglês com os banqueiros e defendeu que o Governo e o Banco de Portugal contratem consultores portugueses para a assessoria financeira em vez de especialistas estrangeiros.
Na apresentação de resultados semestrais do BPI, Ulrich referiu-se a reuniões de trabalho no Ministério das Finanças, que está, com o Banco de Portugal, a ser assessorado por consultores externos na área financeira.
“Ter com reuniões com o Governo em inglês é incompreensível. Nunca me tinha acontecido tal coisa”, criticou, dizendo ainda não compreender a razão de os bancos suportarem custos com a assessoria cobrados pelas autoridades portuguesas.
“Ao todo, este ano já pagámos cerca de 5,3 milhões de euros a consultores que as autoridades portuguesas escolhem para dar assessoria financeira a estas instituições, trabalho que obrigam os bancos a pagar, o que é incompreensível num contexto” em que as instituições estão a perder rentabilidade, disse.
“Andar a pagar estes milhões todos é incompreensível, como também é incompreensível ter de fazer reuniões com o Governo em inglês”, reforçou.
Ulrich pede ao ministério das Finanças e ao supervisor bancário que “utilizem menos consultores” e que, tendo necessidade de os contratar, que procurem consultores portugueses. “Nem que sejam meus concorrentes, porque assim estão a permitir que estes ganhem currículo para se poderem candidatar a outros lugares”, sustentou.
Referindo-se já à presença da troika em Lisboa no acompanhamento do programa de ajustamento, Ulrich considera que a “experiência para Portugal tem sido muito útil”.
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