José Eduardo dos Santos arrastou uma multidão para o estádio municipal de Cabinda - Fotografia: Francisco Bernardo |
Alberto Coelho, Cabinda - Jornal de Angola - hoje
Os “Bakamas” do Tchizo saíram mais uma vez para receber o chefe dos chefes. No aeroporto de Cabinda dançaram em sinal de boas vindas. José Eduardo dos Santos tinha acabado de pisar a terra de Cabinda que, como afirmou no comício do Estádio do Tafe, “faz parte de Angola desde o tempo em que os portugueses ocuparam a costa do Loango, até acima de Ponta Negra”.
O cabeça de lista do MPLA foi recebido por mais de dez mil pessoas que esgotaram o Estádio Municipal do Tafe. Entre os apoiantes, estavam grupos que vieram de Belize e Buço Zau, municípios que no passado deram suporte à guerrilha do MPLA, na luta armada contra o colonialismo. José Eduardo dos Santos recordou então que as populações e os sobas de Cabinda consideravam os guerrilheiros do MPLA como “seus filhos”. Num discurso em que recordou o seu próprio trajecto, José Eduardo dos Santos falou de Pedalé, Kimba, Jorge Tchimpuati e outros dirigentes do partido que combateram de armas na mão pela libertação da pátria. Evocou igualmente o exemplo de Deolinda Rodrigues e Maria Mambo Café, que ainda jovens se juntaram à causa da libertação da pátria, “de Cabinda ao Cunene”.
A direcção do MPLA, em 1974, nomeou um dos seus mais jovens dirigentes, José Eduardo dos Santos, “para coordenar e supervisionar todas as bases da guerrilha do MPLA na Região Norte, que tinha a sua direcção em Cabinda”. Ndozi e Pedalé eram os seus colaboradores mais próximos.
De Cabinda partiram alguns dos mais destacados combatentes do MPLA, para abrir a Frente Leste. José Eduardo recordou que, desde então, da província partiram guerrilheiros para todas as frentes da batalha contra o colonialismo: “por tudo isto dizemos que Cabinda foi e é o nosso laboratório de quadros”, disse José Eduardo dos Santos.
Nas bancadas do estádio, os milhares de pessoas que vieram do Belize e Buço Zau agitaram as bandeiras e deram vivas a José Eduardo dos Santos e ao MPLA.
No trajecto das recordações de José Eduardo dos Santos coube um episódio pouco conhecido: “recordo o dia em que o Presidente Agostinho Neto foi a Sanda Massala, no Belize, visitar o povo e os nossos guerrilheiros. Foi recebido em festa naquela que era uma zona libertada. Os camaradas Nvunda e Pedalé comandavam a nossa base”.
Foi nas áreas libertadas que centenas de jovens de todas as províncias frequentaram os centros de instrução revolucionária e daí partiram para “libertar a pátria, de Cabinda ao Cunene”.
D. Filomeno no aeroporto
O bispo de Cabinda, D. Filomeno Vieira Dias, esteve entre as personalidades que deram as boas vindas a José Eduardo dos Santos, à chegada ao aeroporto de Cabinda. Mas no Estádio Municipal do Tafe, entre a multidão estavam centenas de representantes das Igrejas de Cabinda. José Eduardo foi recebido como o líder que devolveu a paz aos angolanos e conseguiu, em dez anos, “fazer a parte mais difícil” na caminhada para a reconstrução nacional.
Um grupo de jovens estudantes dizia que a “esta festa não é do MPLA, é de todos os que vivem, estudam e trabalham em Cabinda”. José Eduardo dos Santos deu-lhes razão, quando disse que o Ensino Superior em Cabinda teve um crescimento maior do que no resto do país. E o exemplo mais recente desse crescimento, foi a inauguração da Faculdade de Ciências Médicas, localizada na cidade universitária e que tem duas escolas superiores (uma de Medicina) e um instituto médio para formar técnicos de enfermagem.
Irmãos de luta
José Eduardo dos Santos quis vincar bem a importância de Cabinda na luta armada de libertação nacional, “de Cabinda ao Cunene”. Falou dos heróicos Pedalé, Kimba, Tendele Maurício, Roque Tchiendo, Nicolau Gomes Spencer ou Maria Mambo Café que partiram de Cabinda para o Leste onde participaram na luta: “vivíamos como irmãos, éramos provenientes de todas as províncias”.
Depois de recordar esses tempos heróicos, José Eduardo dos Santos disse: “nessa altura não sei onde estavam aqueles que só falam de divisão, separação e tribalismo”. O povo nas bancadas respondeu: “MPLA! MPLA! MPLA! Viva José Eduardo dos Santos, o nosso presidente!”
José Eduardo dos Santos saudou todos os presentes por estarem a participar na “festa da unidade nacional de Cabinda ao Cunene”. E recordou os esforços gigantescos da reconstrução nacional, que atingiram particularmente a província de Cabinda. Referiu as grandes obras públicas já concluídas em todos os sectores da economia mas não esqueceu dois projectos estruturantes que estão em marcha. Um é o do porto de águas profundas, cujas obras começaram ontem e só terminam quando começarem a acostar os grandes navios. O outro é a zona industrial do Fútila, que vai fazer de Cabinda uma das províncias mais industrializadas de Angola.
A festa no Estádio do Tafe acabou em apoteose. O povo de Cabinda já elegeu o seu presidente: José Eduardo dos Santos!
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