João Paulo – Aventar
Professores
Este, como quase todos os meus escritos, é sobre professores e é uma espécie de ponto de ordem à mesa, na discussão que cresce na blogosfera educativa, sendo que, há algo irrefutável: ninguém foi de férias.
O Público trazia há dias um texto onde se fazia a dicotomia entre as redes sociais e a rua e onde defendi que em algum momento teremos de voltar à rua, porque, considerem ou não moderno e chique, é também na rua que se ganha o futuro. A minha experiência como sindicalista (SPN, FENPROF), com muitos anos de trabalho em torno dos professores contratados e das questões da precariedade levam-me também a concluir que nada consegue substituir o contacto pessoal, a troca de ideias e de argumentos, olhos nos olhos – isto não vai lá só com facebook e blogues. Não vai! Como diria o outro, de bons likes está o inferno cheio.
E na rua, as vitórias são proporcionais à sua força, a mobilização de que fala o Miguel, e para isso o papel da FENPROF é fundamental. A luta dos professores na rua só acontece com a FENPROF – façam as leituras históricas que quiserem fazer, mas ou há FENPROF e temos os professores na rua ou não há FENPROF e não teremos os professores na rua. Até prova em contrário, esta é uma verdade sem contraditório.
Mesmo não o assumindo é isso que escrevem, sem escreverem, o Nuno e o Ricardo. Equacionam a necessidade de uma maior ligação entre os professores e os sindicatos, que naturalmente subscrevo. O Nuno acredita que “É possível imprimir uma nova dinâmica aos sindicatos fazendo-os sair da zona de conforto”, enquanto o Ricardo vê cada vez com “maior dificuldade a tão necessária reaproximação dos professores aos sindicatos“, mas defende que “primeira fase de uma qualquer estratégia, passa exatamente por discutir.”
Neste sentido e estando eu, assumidamente – não me escondo, nem me afirmo como independente – do lado da FENPROF, penso que podemos e devemos dar alguns passos no sentido de construir pontes entre duas margens que nas últimas semanas têm extremado posições.
Uns anunciam a mudança e, depois do leitão, fica tudo na mesma. Há quem tente juntar pontas na Plataforma pela Educação e logo aparecem a sugerir que são apenas os paus mandados do Mário Nogueira, quando muito boa gente da Comunicação Social e na blogosfera até pensava que a Plataforma pela Educação era a consequência do repasto. Não é. Não sabemos o que vai ser, nem sequer, ainda, o que é. Há gente nova com vontade de trabalhar, gente com interesses sempre muito diversos, análises diferentes da realidade e opções muito variadas para os momentos de ação, mas com vontade de encontrar soluções. Não adianta é procurar o carimbo porque nenhum carimbo serve.
E aceitando o desafio para refletir, penso que poderíamos partir para a reflexão acima sugerida e procurar equacionar de que forma podemos avançar, deixando de lado os ataques pessoais, as bocas e as piadinhas, procurando seguir uma análise racional sobre a realidade que está à nossa frente, encontrando uma primeira ideia, consensual ou não:
- podemos ou não reverter algumas das medidas do Nuno Crato a curto prazo? Ou, pelo contrário, a resistência às mudanças deve ser centrada numa lógica de maratona, de médio e longo prazo?
Uma e outra coisa são possíveis e coincidentes no tempo? Não corremos o risco do desgaste? Ou, perante o ataque brutal, temos que partir tudo quanto antes?
E não vale a pena ter ilusões – ninguém vai para a frente dos sindicatos fazer manifestações, nem os sindicatos vão consultar os autores de blogues para definir o seu trabalho. Uns e outros, cada um no seu papel, com opiniões próprias e diversas, com modos de actuação e intervenções também diferentes. Pois claro! Mas, poderia e deveria ser de outro modo? Não me parece!
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