domingo, 12 de agosto de 2012

Brasil: INÚTIL, A GENTE SOMOS INÚTIL



Espaço Livre* – Direto da Redação

Vivemos em um país em que o cidadão é obrigado a votar! Mas, ao mesmo tempo, se ele votar em branco, posto não ter um candidato escolhido ou se ele anular o voto, por não confiar em nenhum dos candidatos, seu voto obrigatório, simplesmente não é computado. É considerado em voto “inválido”. A vontade deste eleitor não é considerada!

Curioso como a gangue quadrilheira consegue, como sempre tem feito, ludibriar os brasileiros. Naturalmente, refiro-me aos políticos – malandros, bandidos, oportunistas, canalhas, bandidos, malandros, oportunistas, canal… -, nos quais alguns brasileiros ainda acreditam. Eles criaram, e tornaram legal e legítimo, o conceito de “voto válido”. Estes tais “votos válidos” são os votos que contam nas eleições.

Você sabe o que isto significa?

Significa que se um eleitor, cidadão que paga seus impostos e cumpre com as suas obrigações, inclusive com a de ir votar, resolve anular o voto ou votar em branco, este voto não é computado como voto válido! Estes votos são, portanto, “inválidos” e são, simplesmente, desconsiderados! A expressão “inválido” somente é hoje acatada pelos tribunais e, em alguns casos, pelo sistema previdenciário e significa. No dicionário aparece como: adj (lat invalidu) 1. Fraco, débil, enfermo. 2. Incapaz para o trabalho. 3. Que não é válido, que não tem valor; nulo. 4. Inutilizado, sem validade. sm 1 Indivíduo que, por doença ou velhice, é incapaz para o trabalho. 2 Mil Aquele que, por suas condições físicas, se torna incapaz de servir.

Vale dizer que, em uma opção clara de manifestar insatisfação, o desejo demonstrado pelo eleitor compulsório, ainda que cidadão receba as qualificações acima. É como diz a letra do rock: “Inútil, a gente somos inútil!” (Ultraje a rigor – brilhante!)

É como se esta intenção do eleitor fosse considerada “não considerável“! Não se leva em conta aquele cidadão que não se conforma em escolher os menos ruins! Escolher entre o ruim e a porcaria, entre o corrupto ativo e o passivo. Escolher, como se cata feijão, não os resíduos entre os grãos, mas os poucos grãos entre tantos resíduos! E haja resíduos e impurezas!

Os que ainda têm alguma fé no sistema político vigente fazem a terrível escolha de Sofia. Outros, como a “Velhinha de Taubaté!”, tão bem descrita pelo brilhante Luis Fernando Veríssimo, escolhem alguns em quem acreditam fielmente (olha que faleceu em 2005, em 25 de agosto). Estes são os tais “votos válidos“.

Como exemplo, tome-se uma cidade com 10 mil eleitores, por exemplo, 9 mil e novecentos deles resolvem anular seus votos ou votar em branco, posto haver apenas um único candidato à Prefeitura e é entendido como muito ruim e corrupto. Os cem restantes resolvem aprovar um candidato único, ainda no exemplo (parentes, amigos, parte da gangue). Este candidato único seria eleito com 100% dos votos válidos e os 9,9 mil que não votaram (votaram em branco ou anularam), simplesmente são d desprezados!

Assim, anular o voto será um protesto; torna-se uma demonstração, mesmo que inócua, de nossa vontade pela anarquia em um ambiente tão severamente comprometido com a corrupção, aético e contaminado; neste estado atual de coisas, aliás, não resolve nada! Não nos iludamos que isto pudesse causar algum tipo de constrangimento, embaraço ou vergonha aos eleitos ou à gente do poder (eles não têm vergonha!).

Neste país do voto obrigatório, o desejo de não escolher ninguém não é levado em consideração! Que país é este? Que nação é esta, deitada eternamente em berço esplêndido!

Ou você escolhe os tais “menos ruins“, que, como já foi dito, alguns acreditam que os há, ou você escolhe qualquer um, que com certeza há! Pode-se diferenciar entre um grupo e outro? Não sei ao certo; apenas penso que não, salvo melhor juízo! Pelas atitudes presentes ou históricas, são todos “farinha do mesmo saco”.

Este é o país do voto obrigatório (um direito convertido em dever) e no qual a vontade do eleitor não tem valor – pode ser inválida: Fraco, débil, enfermo. 2. Incapaz para o trabalho. 3. Que não é válido, que não tem valor; nulo. 4. Inutilizado, sem validade! Que antagônico! Que paradoxal!

E como é da constituição, nada pode ser feito do ponto de vista jurídico!

Assim, só Robespierre! Que, algum dia, venha a guilhotina, pois a ditadura não acabou! Pelo menos, as sementes por ele deixadas continuam a germinar e a frutificar! E como se fortalecem! E como se especializam! Nem o mais cretino dos ditadores jamais pôde conceber uma crueldade tamanha e tão perspicaz em sua brutalidade! Ela se mantém nos ossos que saem de forma sistemática dos armários e porões, irrigando e adubando as mentes malignas e usurpadoras!

É ou não é brilhante, ainda que perverso?

Colaboração do leitor Gustavo Horta. Email gustavohorta_ct@hotmail.com

*Este espaço é preenchido com a colaboração dos leitores. Os textos serão publicados de acordo com a oportunidade do tema e/ou seguindo a ordem de recebimento.

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