terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ex-PM Marcolino Moco, militante do MPLA, ainda não sabe se vai votar no dia 31 de agosto



EL - Lusa

Luanda, 07 ago (Lusa) - O antigo primeiro-ministro angolano Marcolino Moco, que foi também secretário-geral do MPLA (partido no poder), disse hoje à Lusa em Luanda que não sabe se vai votar nas eleições gerais marcadas para o próximo dia 31.

"Sou militante do MPLA, não fui expulso nem declarei a minha saída, mas ainda não sei se vou votar. Provavelmente. É possível que eu venha a fazer alguma declaração pública ou no meu sítio (da Internet). Mas até hoje ainda não decidi. Está tudo em aberto", disse Marcolino Moco à Lusa.

Primeiro secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), Marcolino Moco falou à Lusa à margem do lançamento, hoje em Luanda, do seu livro "Angola: A Terceira Alternativa - Contribuições para a retomada da construção de uma sociedade aberta e pacífica em Angola".

"Estas eleições são importantes, mas tenho estado envolvido em coisas académicas, no lançamento do meu livro em que defendo que subsistem questões prévias que devemos resolver em Angola. O meu livro é uma estratégia para o país, é uma verdadeira agenda nacional", defendeu.

Nessas questões prévias, Marcolino Moco destaca a necessidade de uma "verdadeira reconciliação nacional" e, no plano legal, o facto de em Angola continuarem em curso práticas que considera "violadoras e desrespeitadoras" do que deve ser um Estado de Direito.

"Temos uma Lei da Probidade, promovida e promulgada por quem é o primeiro a violá-la, com a nomeação dos filhos e parentes para lugares do Estado, sem concursos e entrega de canais de televisão também aos filhos", enumerou, referindo-se ao atual chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.

"Temos problemas escandalosos no domínio da comunicação social, em que todos os meios de comunicação social, públicos e privados, estão sob o domínio exclusivo de uma família", acrescentou.

Marcolino Moco classificou estas questões como "gravíssimas" e, no caso da reconciliação nacional considera que já é tempo de se deixar de falar em "quem destruiu ou quem matou quem".

"Mas como nós não nos sentamos para pôr uma pedra em cima disso, essas questões veem ao de cima normalmente nesta campanha. Como essas questões não foram resolvidas, estamos a empurrá-las com a barriga, como se costuma dizer", frisou.

Quanto à forma como está a correr a campanha eleitoral para as eleições gerais de 31 deste mês, e que Angola sairá do escrutínio, Marcolino Moco disse acreditar que, tendo em conta os anteriores escrutínios, os problemas suscitados "nunca partiram do povo".

"Se tivermos em conta as eleições anteriores, os problemas nunca partiram do povo. O povo angolano sempre se comportou da melhor maneira, mas como em termos políticos o país não está resolvido, estamos todos apreensivos sobre o que pode acontecer depois", afirmou.

Segundo Marcolino Moco, nas eleições de 2008 "aparentemente não aconteceu anda, mas foi depois que aconteceram coisas muito tristes".

"O Presidente da República adiou para as calendas gregas as eleições (presidenciais) e alterou princípios constitucionais, criando a figura de um Presidente tão forte, tão forte, que não existe em nenhum país democrático, mas que não é eleito diretamente", concluiu.

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